Enzo Santos, in JN
O Bloco de Esquerda esteve esta manhã em Odemira, distrito de Beja, para estar ao lado dos imigrantes que trabalham na agricultura intensiva e "garantem a Portugal que o país funciona e que a agricultura está a funcionar", disse a líder do BE. Discursando na marcha integrada no "Roteiro pela Justiça Climática", Catarina Martins exigiu que as explorações agrícolas que recorrem ao método intensivo e superintensivo sejam submetidas a "avaliações de impacto ambiental" e laboral, que tratem "não só do ambiente, mas também das pessoas".O BE acusou o Governo de "não mudar nada" para evitar o crescimento das estufas e melhorar os direitos dos trabalhadores e as questões da água e exigiu mais medidas. Porque "sabemos que lutar pelo clima e lutar pelos direitos do trabalho, pelas condições do trabalho, é uma e a mesma coisa", justificou Catarina Martins.
O BE estabeleceu também como objetivo combater "todo o abuso laboral e todo o trabalho forçado" e defendeu que devem ser considerados culpados todos aqueles que lucram com este tipo de práticas.
"Não podemos condenar os trabalhadores a viver em contentores, ou a viver em amontoados em quartos sem condições. As pessoas não podem continuar a pagar tanto para viver tão mal e não podemos ter tanta gente a viver em sítios onde faltam as condições médicas e de educação", disse.
Gestão pública da água
"Se nada for feito e se esta lei não mudar, as estufas vão continuar a aumentar, a água vai ser cada vez menos e os trabalhadores vão continuar a ser explorados", afirmou a coordenadora bloquista, instando o Governo a rever as políticas de gestão da água - ponto que também marcou a agenda da marcha bloquista que decorreu em Odemira, na parte da Costa Vicentina.
O BE bate-se também "para que a água seja gerida de forma pública e não pelos senhores do agro-negócio. Porque é a única forma de ser gerida de uma forma que respeite todas as pessoas e que dê o direito à agua numa altura em que o nosso país sofre tanto com as secas - todo o território nacional esta já em seca", acrescentou Catarina Martins, que discursou "numa das zonas onde a seca é mais visível".
Dirigindo-se aos migrantes presentes, a líder do BE falou em inglês e comprometeu-se a lutar pelos seus direitos.