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A conceituada revista médica The Lancet publica estudo crítico da Organização Mundial de Saúde (OMS) por esta desconsiderar o combate às desigualdades sociais como fator determinante para a melhoria das condições de saúde da população mundial.
A publicação afirma mesmo que a pobreza contribui quase tanto para a redução da esperança de vida como o sedentarismo e mais do que o consumo excessivo de álcool, a obesidade e a hipertensão.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) também é visada pelos autores por não contemplar devidamente este facto nas suas recomendações de política pública que dirige aos diversos países.
“O baixo nível socioeconómico é um dos mais fortes indicadores de morbidade e mortalidade prematura em todo o mundo. No entanto, as estratégias de saúde global não consideram as circunstâncias socioeconómicas pobres como fatores de risco modificáveis”, escrevem os cerca de 30 autores, onde se incluem investigadores de instituições da Universidade Columbia, do King’s College, de Harvard ou do Imperial College.
A carência socioeconómica reduz a esperança de vida em mais de 2 anos (2,1) nos adultos entre 40 e 85 anos, enquanto o consumo excessivo de álcool reduz em meio ano. A obesidade prova a morte prematura em 0,7 anos e a hipertensão em 1,6 anos. O sedentarismo em 2,4 anos e o consumo de tabaco em 4,8 anos.
A escolha destes fatores não foi inocente, uma vez que são os mesmos que a OMS elegeu para combater as doenças não contagiosas no seu programa de redução de incidência em 25% até 2025, batizado de “objetivo 25x25”.
“As nossas descobertas sugerem que as estratégias e ações globais definidas no plano de saúde da OMS excluem da sua agenda um importante determinante da saúde. A adversidade socioeconómica deve ser incluída como fator de risco modificável nas estratégias de políticas de saúde locais e globais e na monitorização do risco para a saúde”, defendem estes investigadores da área da saúde.
O grupo de académicos liderados por Silvia Stringhini, do Hospital da Universidade de Lausanne, na Suíça, chama ainda à atenção que, da mesma forma que se promovem políticas públicas de desincentivo do consumo de tabaco ou de promoção da prática de desporto, também é possível tomar medidas de combate à pobreza e às desigualdade sociais. Por isso, alertam, sem “poderosas soluções estruturais” as políticas públicas de saúde estão erradas.