in Beiras on-line
Começou a sua atividade no fotojornalismo de uma forma curiosa. Quer partilhá-la connosco?
Nenhum jornal me dava uma oportunidade e um dia estava no cais e vi um barco à vela entrar. Quando atracou, pedi para entrar e fotografei-o. No dia seguinte, vi a minha primeira fotografia ser publicada. O nome do barco era “O gazela”, tinha sido português, mas agora é americano. Dois anos depois, quando já era fotojornalista, o barco regressou a New Bedford e telefonei aos meus pais, que estavam em Portugal, e eles disseram-me que a tripulação daquele barco tinha salvado os meus dois avós, quando o seu bacalhoeiro naufragou, na Terra Nova. Ou seja, foi “O gazela” que me salvou duas vezes (risos).
Que histórias gosta de contar através da sua objetiva?
As histórias mais importantes para mim são sobre a pobreza [no mundo]. Nunca fui pobre, mas sempre quis abrir os olhos ao resto do mundo, para dizer que nem todos são privilegiados.
De que forma a sua origem portuguesa influencia o seu trabalho?
Fui para os EUA com oito anos. Por isso, a minha maneira de pensar talvez seja mais americana do que portuguesa. Mas acho que a maneira como vejo o mundo tem influência portuguesa, no sentido em que compreendo que o mundo é diferente, que não é visto apenas da maneira americana.
Teria o mesmo sucesso se se chamasse Pedro Pereira?
Acho que sim. Sou Peter porque a primeira vez que fui à América, tinha cinco anos, os meus primos começaram a chamar-me Peter. Não foi uma decisão minha. Nunca mais voltaram a chamar-me Pedro desde os oitos anos.
Nos Estados Unidos, os fotojornalistas estão no mesmo patamar dos jornalistas. Encontra este estatuto noutros países?
O fotojornalismo nos Estados Unidos tem mais peso. Os jornais e as publicações onde trabalhamos dão mais latitude para fazermos projetos puramente visuais, e não para apenas fotografias que dão com a história.
Ou seja, a história é a fotografia.
Exatamente, a história é a fotografia! Na América, temos oportunidades que talvez um fotojornalista em Portugal não tem.
Esta entrevista pode ser ouvida na íntegra na Foz do Mondego Rádio (99.1FM) e vista na Figueira TV.