Vitor Martins, in Diário de Notícias
Rendimento disponível das famílias portuguesas subiu 5,7% face ao mínimo de 2014. Na OCDE aumentou 21,2%
Dinheiro não compra felicidade, mas ajuda... pelo menos a elevar os padrões de qualidade de vida. Em Portugal, de acordo com o Índice para uma Vida Melhor, realizado pela OCDE, o rendimento médio disponível líquido das famílias, ajustado per capita, é hoje de 19 882 por ano. São mais 1076 dólares (+5,7%) do que o valor de 2014, quando bateu mínimos dos últimos anos. Mas está muito longe dos 29 016 dólares da média da OCDE, onde o rendimento subiu 21,2% no mesmo período. E há uma diferença importante entre os mais ricos e os mais pobres - os 20% mais favorecidos ganham quase seis vezes mais do que os 20% menos favorecidos.
Portugal apresenta bom desempenho em apenas algumas das 11 medidas de bem-estar do Índice para uma Vida Melhor. Portugal está acima da média na habitação, segurança pessoal e qualidade do meio ambiente, mas abaixo da média no rendimento, estado de saúde, educação e emprego.
Veja-se o exemplo do emprego - 63% dos portugueses com idade entre 15 a 64 anos têm emprego remunerado. Na OCDE são 66%. Em Portugal, 10% dos empregados fazem horas extraordinárias, abaixo dos 13% da média da OCDE. Dado curioso: 13% dos homens trabalham horas extra, contra apenas 7% das mulheres.
Boa educação e qualificações ajudam a conseguir um emprego. Em Portugal, só 43% dos adultos com idades entre 25 e 64 anos concluíram o ensino médio, muito abaixo da média da OCDE (76%) e um dos menores índices entre as 34 economias mais desenvolvidas. Há mais mulheres com o ensino médio (48%) do que homens (39%). E a qualidade do sistema educativo também fica um pouco abaixo da média da OCDE - o aluno médio obteve pontuação de 488 no domínio de leitura, matemática e ciências, no Programa Avaliação de Estudante Internacional (PISA, na sigla em inglês), contra uma pontuação média de 497 na OCDE. Em Portugal, os estudantes do sexo feminino superaram o desempenho dos estudantes masculinos em dez pontos; na OCDE a diferença é de oito pontos.
Mas estamos à frente na saúde e no ambiente. A esperança de vida no nascimento, em Portugal, é de quase 81 anos, mais um ano do que na OCDE. E o nível de PM2,5 atmosféricas - partículas de poluentes do ar pequenas o suficiente para entrar e causar danos aos pulmões - é de 9,9 microgramas por metro cúbico, abaixo dos 14,05 microgramas da OCDE. Portugal apresenta também bom desempenho na qualidade da água: 89% dos portugueses estão satisfeitos com a qualidade da água, acima da média de 81% da OCDE.
São números que mostram por que é que os portugueses estão menos satisfeitos com as suas vidas. Numa escala de zero a dez, os portugueses classificam-se num nível de 5,1 quanto à satisfação com a vida que têm. É a taxa mais baixa da OCDE, cuja média é de 6,5.