in Diário de Notícias
O turismo em Portugal, a paralisia cerebral e Campanhã são retratados em três novos livros da Fundação Francisco Manuel dos Santos, hoje apresentados em Lisboa, juntamente com um ensaio sobre futebol e outros dois sobre o ensino superior.
Os ensaios "A Universidade como deve ser", de António M. Feijó e Miguel Tamen, "O ensino superior em Portugal", de João Queiró, e "Futebol, o estádio global", de Fernando Sobral, bem como os retratos "Turista infiltrado", de Bernardo Gaivão, "Ajudar a cair", de Djaimilia Pereira de Almeida, e "Porto, última estação", de Mariana Correia Pinto, são os seis títulos que chegam às livrarias ainda este mês e que se juntam às mais de 160 publicações que a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) publicou em oito anos.
Os ensaios sobre o ensino superior são "dois títulos com dois temas muito parecidos", mas que se complementam e têm "olhares diferentes" sobre o meio universitário, explicou David Lopes, diretor-geral da fundação.
O livro de João Queiró procura refletir sobre que ensino superior se quer para Portugal, partindo da assunção de que, apesar de se pensar nos ensinos básicos e secundário quando se fala de educação, é "o ensino superior que está no centro das decisões de Portugal no domínio do seu futuro", disse o autor.
No ensaio de António M. Feijó e Miguel Tamen aborda-se igualmente o desafio da universidade desejável para o futuro, mas na perspetiva dos cursos, que são demasiado especializados, tornando estas escolas demasiado "vocacionais e monodirecionais", considerou o autor.
O livro surge, assim, da reflexão sobre "o que é a universidade", suportada na recente criação de uma licenciatura -- "Estudos Gerais" -- abrangente, que "foi difícil de criar mas teve um sucesso enorme junto dos alunos".
O terceiro ensaio aborda "a transformação do futebol, como desporto em que todos participavam pela sua simplicidade, numa verdadeira indústria, que nos últimos meses atingiu os anéis de Saturno", explicou o autor, acrescentando que em breve "vai haver clubes muito ricos e outros muito pobres".
"Procurei falar da transformação radical do futebol, que atinge todas as classes sociais, etnias e fronteiras e até a Coreia do Norte", sintetizou.
Por seu lado, no livro "Turista infiltrado", Bernardo Gaivão retrata Portugal sob o ponto de vista do turista, depois de ter percorrido o país de Norte a Sul na pele do estrangeiro que o visita, enquanto a autora Djaimilia Pereira de Almeida faz um retrato "pungente, humano e emotivo" -- nas palavras de David Lopes -- sobre as crianças com paralisia cerebral.
"Porto, a última estação" é um retrato de Campanhã, que mais do que nome de estação, é "periferia, pobreza e precariedade", um "território muito sofrido", explicou a autora, Mariana Correia Pinto.
"O que procurei foi contar a história das vidas mais invisíveis da cidade e de todos os que todos os dias lutam para que essas vidas sejam menos invisíveis", acrescentou, sublinhando, ainda, que existe uma Campanhã antes e outra depois da criação da estação: "as assimetrias com a chegada do caminho-de-ferro nunca desapareceram, antes foram-se acentuando".
A FFMS faz nove anos em fevereiro do próximo ano e em oito anos publicou 168 títulos, entre os quais 78 na coleção de Ensaios e 27 na coleção Retratos, revelou o diretor-geral, num balanço editorial que aponta para mais de 700 mil livros vendidos.
"Cada ensaio vende em média sete mil exemplares e os retratos, uma coleção mais recente, situam-se à volta dos cinco mil", acrescentou.
A estes somam-se ainda os Estudos, outras publicações e a "Revista XXI, Ter Opinião".
O projeto inclui a venda e entrega de livros a todas as bibliotecas e espaços públicos no país, desde bibliotecas de escolas, de universidades e de prisões, até bibliotecas municipais. Neste momento "estão a ser mapeados os últimos espaços de leitura, nomeadamente em hospitais" e estão a ser trabalhados outros formatos, como o audiolivro, além dos já existentes 'e-books'.