in o Observador
Forum para a Competitividade considera que o crescimento da economia não é sustentável. A atividade vai abrandar durante o segundo semestre de 2017.
Exportações "o segundo contributo mais elevado para o PIB" desde o quarto trimestre de 2013
A aceleração da taxa de crescimento da economia durante o segundo trimestre de 2017 não é “inteiramente tranquilizadora” e os empregos que estão a ser criados “têm uma produtividade abaixo da média, o que nos impede de convergir para a produtividade mais elevada que se verifica na média da União Europeia”. A análise é do Forum para a Competitividade e está publicada na nota de conjuntura de agosto, divulgada nesta segunda-feira pelo think tank.
O gabinete de estudos do Forum, liderado pelo economista Pedro Braz Teixeira, assinala a revisão em alta que o Instituto Nacional de Estatística fez aos dados da evolução do produto interno bruto (PIB) no segundo trimestre, de 2,8% para 2,9% em variação homóloga, mas sublinha que o crescimento em cadeia “desacelerou fortemente, de 1,0% para 0,3%, com queda das exportações e consumo privado, compensada pela subida do investimento”.
Aparentemente, o aumento do investimento seria uma notícia positiva, mas o Forum para a Competitividade, presidido pelo empresário e gestor Pedro Ferraz da Costa, tem algumas dúvidas. “A maior parte da subida deste agregado [investimento] deve-se a uma subida no stock de existências, cujo significado é incerto“, afirma-se na nota de conjuntura. O facto “tanto pode ser fruto de fortes expectativas de vendas futuras, como erro na previsão de vendas passadas”, acrescenta o documento, que considera a situação como “não sustentável”.
O Forum refere que o consumo privado entrou em “estabilização” de abril a junho, enquanto a queda verificada no consumo público “não resulta de poupanças” na despesa das administrações públicas, “mas da forma como é contabilizada a redução de horário para as 35 horas: menos quantidade, com preços mais elevados”. O abrandamento que se verificou nas exportações é desvalorizado na análise em causa, já que as vendas de bens e serviços ao exterior deram “o segundo contributo mais elevado para o PIB (líquido de importações) desde o quarto trimestre de 2013”.
Menos saudável, na perspetiva do Forum para a Competitividade, parece ser o desempenho do mercado de trabalho. “O PIB continua a crescer abaixo do emprego (2,9% versus 3,5%), o que significa que os empregos que estão a ser criados têm uma produtividade abaixo da média, o que nos impede de convergir para a produtividade mais elevada que se verifica na média da UE”, refere a nota de conjuntura, que acrescenta: “Com este crescimento do emprego, o PIB deveria estar a crescer claramente acima dos 4%”.
Os técnicos do think tank concluem que “o problema principal com estes dados do PIB é que não são sustentáveis sem
que se introduzam as reformas estruturais de que o país carece” e alertam que os “valores actuais são fruto de um efeito base, pelo PIB do primeiro semestre de 2016 ter sido muito fraco (0,9%)”. O Forum para a Competitividade antecipa “uma desaceleração já no segundo semestre” de 2017, com uma previsão de crescimento para o conjunto do ano situada entre 2,3% e 2,6%, arrefecendo “ainda mais” em 2018.