5.9.17

Portugal acabou com "mentira" da austeridade

por Susana Lúcio, in Sábado

Um artigo de opinião, publicado no The Guardian, apresenta o nosso país como o exemplo de que havia, ao contrário do que foi dito, alternativa às medidas de austeridade

O discurso repetido nos primeiros anos da crise económica, pelos governos europeus, de que não havia alternativa às medidas de austeridade foi refutado agora por Portugal. Quem o diz é o jornal britânico The Guardian que, num artigo de opinião, apresenta os bons resultados da chamada ‘geringonça’ para demonstrar como os partidos da direita estavam enganados.

"A metáfora economicamente iletrada do orçamento familiar foi repetida vezes sem conta – não devemos gastar mais se estamos com dívidas, por isso porque deve fazê-lo um país? – para popularizar uma falácia ideologicamente conduzida", escreve o jornalista Owen Jones."Mas agora, graças a Portugal, nós sabemos quanto falhada foi a experiência da austeridade aplicada na Europa."

O colunista recorda os cortes feitos durante o governo de Pedro Passos Coelho. "Em dois anos, a despesa na educação sofreu um corte devastador de 23%. A saúde e a segurança social também sofreram. As consequências humanas foram duras. O desemprego atingiu os 17,5% em 2013; em 2012, houve um aumento em 41% de falências de empresas; e a pobreza aumentou. Tudo isto necessário para curar a doença do despesismo, segundo diziam."

E salienta o receio da Europa perante o novo governo de António Costa que defendia o fim da austeridade e aumentou o salário mínimo e repôs os salários da função pública e o valor das pensões para níveis anteriores à crise.

"O desastre prometido não se concretizou. No Outono de 2016 – um ano depois de tomar o poder – o governo podia gabar-se de um crescimento económico sustentável e um aumento em 13% de investimento privado."

O colunista considera o êxito de Portugal inspirador, mas também frustrante. "Toda a miséria humana na Europa – para quê?"

E desafia uma reforma da União Europeia perante o exemplo nacional. "A esquerda europeia deve usar a experiência portuguesa para reformar a União Europeia e acabar com a austeridade da zona euro."

"Durante a década perdida da Europa, milhões de nós garantiram que havia, na verdade, alternativa. Agora temos a prova."