Dina Margato, in RR
Dados revelam que denúncia ocorre após anos de sofrimento
Entre 2013 e 2017, os processos de pessoas idosas vítimas de crime e violência aumentaram 22%, revelou a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, que atende, em média, 18 pessoas por semana. O valor está longe de refletir esta realidade "trágica e silenciosa", como a classifica a organização.
Durante estes quatro anos, foram abertos 5683 processos de apoio a idosos, vítimas com mais de 65 anos. O retrato realizado a pretexto do Dia Internacional da Pessoa Idosa, que se assinala esta segunda-feira, aponta um total de 10740 crimes, sendo 8561 deles classificados na categoria de violência doméstica.
Em 2013, somaram-se 941; em 2014, 1068; em 2015, 1205; em 2016, 1261; em 2017, 1208. Os atos reportados correspondem aos pedidos de apoio que chegaram aos técnicos da APAV e não traduzem a dimensão do problema, como avisa a associação. Se, por um lado, há uma maior "consciencialização da população" para este tipo de crime, por outro, mantém-se "a vergonha" e outro tipo de barreiras para o denunciar.
As vítimas são sobretudo mulheres, 79,4% contra 20,5% de homens, e o seu estado civil é casado (42%). Na análise da relação da vítima com o autor do crime, a maior percentagem cabe à categoria de "pai e mãe" (37,4%), seguida do "cônjuge" (27,6%).
A maioria dos crimes acontecem na residência comum (53,3%), em maior número do que "residência da vítima" (28,8%). Outro item que sobressai na caracterização é a duração da vitimação. O período que reúne mais casos vai de dois a seis anos, o que significa que se sofre anos a fio antes de se avançar para uma denúncia da situação de violência.