por Paulo Ribeiro Pinto, in RR
As políticas de austeridade aumentaram as desigualdades económicas para níveis que já não existiam há muitas décadas, defende o economista Carlos Farinha Rodrigues.
As famílias mais pobres foram as que mais rendimento perderam nos anos da crise. A conclusão é do economista Carlos Farinha Rodrigues, com base nos últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre as condições de vida dos portugueses.
“Entre 2009 e 2013, de acordo com os dados do INE, o rendimento dos 10% mais ricos desceu 8%. Nesse mesmo período, o rendimento dos 10% mais pobres desceu 24%”, revela o professor do Instituto Superior Economia e Gestão (ISEG).
Carlos Farinha Rodrigues conclui que nos últimos o agravamento das desigualdades económicas em Portugal aumentou para níveis que já não existiam há muitas décadas, fruto das políticas de austeridade.
Mas a questão das desigualdades económicas vai além da ética e da justiça social. Carlos Farinha Rodrigues recorre ao mais recente relatório da OCDE para sublinhar os efeitos negativos no crescimento económico.
"Uma sociedade onde as desigualdades estão praticamente sem controlo, como é o caso da nossa, é uma sociedade que é mais pobre do ponto de vista da sua riqueza democrática, mas é também uma sociedade em que dificilmente conseguimos um processo de desenvolvimento e de crescimento sustentados”" defende.
Portugal surge como um dos países desenvolvidos com registo de maior grau de desigualdade dos rendimentos. A explicação de Farinha Rodrigues é simples: "Aquilo que provoca a desigualdade em Portugal é, em grande medida, um sistema económico assente em baixos salários e é precisamente esse mesmo sistema que sucessivamente gera novas vagas de pobreza."
O professor do ISEG é o convidado da Fundação Francisco Manuel dos Santos, esta quinta-feira à tarde, na Feira do Livro de Lisboa para um debate sobre desigualdades.