Joana Carvalho Reis, in TSF
Há 100 anos, o parlamento britânico aprovou o direito das mulheres ao voto. A investigadora Isabel Lousada considera que um século depois ainda há muito a fazer.
A 6 de fevereiro de 1918 as mulheres britânicas passaram a poder votar. Um direito, ainda assim, restrito. Só 10 anos mais tarde passaram a ter os mesmos direitos atribuídos aos homens, com o sufrágio universal.
Um momento simbólico e fundamental, considera Isabel Lousada. A investigadora do Centro de Estudos de Sociologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, que tem desenvolvido estudos sobre as mulheres, considera esta foi uma vitória com efeitos por todo o mundo, "exemplos que até hoje vamos buscar para defender os mesmos princípios".
Isabel Lousada lembra que já na altura a luta das mulheres não era apenas pelo direito ao voto, mas também pelo direito de serem eleitas. "O que as mulheres queriam era chamar a atenção sobre a necessidade e a urgência de se fazerem ouvir, de se fazerem ver e de reclamarem os seus direitos e vê-los consignados legalmente".
A luta das sufragistas não acontecia apenas no Reino Unido. O movimento estava espalhado por todo o mundo e também em Portugal as mulheres estavam atentas. A investigadora dá como exemplo, Carolina Beatriz Ângelo, sufragista portuguesa, aproveitou um vazio legal e agarrou a oportunidade. Quando a lei passa a permitir que as mulheres chefes de família possam votar, a viúva lutou por exercer o seu direito e tornou-se a primeira mulher a votar.
Mesmo com as todas as conquistas, a luta pelos direitos das mulheres sempre foi feita de avanços e recuos. "Desde tempos idos, sempre que as lutas das mulheres e as suas reclamações são deixadas de lado, refletem precisamente essa necessidade de fazer aprovar um conjunto de medidas que não ponham em causa todas as outras. Quando é preciso retirar alguma coisa, então retirem-se a estas".
"As mulheres são a única maioria no mundo que é tratada como minoria", recorda.
Um século depois da aprovação ao direto de voto no Reino Unido, a investigadora acredita que as mulheres continuam a ter motivos para lutar. "Estas questões são tão prementes hoje como há anos atrás".
A investigadora lembra que em muitos países do mundo as mulheres continuam a lutar pelo direito ao voto, mas há também outros direitos que ainda não foram conquistados. "Os diretos laborais, o diferencial salarial... tudo isso faz sentido".
E deixa a pergunta: "Hoje quantas mulheres temos hoje chefes de nações?".