25.6.18

Mais denúncias de violência doméstica sobre idosos no Nordeste Transmontano

Glória Lopes, in Jornal de Notícias

As denúncias de violência sobre os idosos "aumentaram exponencialmente" no Nordeste Transmontano.

O alerta parte da coordenadora do Núcleo de Apoio à Vítima de Violência Doméstica da Associação de Socorros Mútuos dos Artistas de Bragança (ASMAB), Teresa Fernandes, numa altura em que se realiza nesta cidade o Encontro da Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica, que junta cerca de 80 técnicos que trabalham neste setor em todo o país.

Teresa Fernandes ressalvou "que o aumento das denúncias não significa que haja novos casos, o que há é uma nova sensibilidade para a questão que leva a que muitos mais denunciem maus tratos contra idosos", referiu.

A maioria das denúncias não parte das vítimas. "Estas camuflam e escondem até ao fim, porque denunciar um filho, um neto, uma nora e um genro não é fácil, tal como assumir o crime e as consequências para esses familiares diretos", admite Teresa Fernandes. São sobretudo os vizinhos e as instituições de solidariedade social que trabalham com idosos "que estão mais sensibilizados e atentos para os sinais".

O trabalho de centros de dias e do apoio domiciliário é muito importante, segundo a psicóloga, "porque os seus trabalhadores vão percebendo os sinais da violência contra idosos".

A aposta que o Núcleo de Apoio à Vítima de Violência Doméstica de Bragança tem feito na formação de técnicos dessas instituições, bem como do público em geral com ações nas juntas de freguesia do distrito de Bragança, contribuiu para uma maior sensibilização.

As denúncias e os pedidos de acolhimento relacionados com violência doméstica no distrito de Bragança também aumentaram, este ano, desde que abriram as nove vagas de emergência da ASMAB para vítimas que necessitem de deixar o domicílio. Em 2017, aquele núcleo assinalou 120 novos casos de violência doméstica e realizou 220 atendimentos.

Bragança dispõe apenas de uma casa abrigo para vítimas de violência doméstica, com cinco vagas, que está sempre lotada, pois faz parte da Rede Nacional. Em breve, vão iniciar-se as obras de construção de uma segunda casa abrigo, com capacidade para nove pessoas.