in Expresso
O país nórdico registou, em 2018, a maior taxa de violência racial e assédio de pessoas de origem africana, segundo um estudo realizado pela União Europeia em 12 países
O Conselho da Europa está preocupado com o aumento dos comentários racistas e insultuosos na Finlândia, que se tornaram "habituais" na internet e cada vez mais frequentes no discurso político, indica um relatório divulgado esta terça-feira.
O país nórdico, frequentemente citado pela sua qualidade de vida e pela igualdade de género, conta apenas com 6,6% da população nascida fora das suas fronteiras, a taxa mais baixa para um país ocidental da União Europeia (UE).
No entanto, a Finlândia registou em 2018 a maior taxa de violência racial e assédio de pessoas de origem africana, segundo um estudo realizado pela UE em 12 países.
"As declarações de ódio racista e intolerante no discurso público estão a aumentar e visam principalmente os requerentes de asilo e os muçulmanos", lamenta a Comissão Contra o Racismo e a Intolerância (CCRI) do Conselho da Europa no seu relatório.
Ao mesmo tempo, na internet, "as expressões de racismo e de xenofobia contra os imigrantes ou pessoas de ascendência africana, as pessoas LGBT e a comunidade judaica são habituais, como as declarações injuriosas em relação aos ciganos", notam os autores do estudo.
No ano passado, 63% das pessoas de origem africana residentes na Finlândia tinham sido vítimas de assédio racista durante os últimos cinco anos, de acordo com um estudo da agência de direitos fundamentais da UE, o nível mais elevado registado nos 12 países estudados.
A CCRI considera que "a resposta das autoridades finlandesas a estes incidentes não pode ser considerada plenamente adequada", embora elogie medidas tomadas recentemente para tentar resolver o problema.
O relatório assinala ainda uma criticada lei que exige a esterilização de pessoas transgénero para poderem ser legalmente reconhecidas como tendo mudado de sexo, pedindo a sua modificação no que se refere àquela exigência.
Em junho, o primeiro-ministro social democrata, Antti Rinne, comprometeu-se a revogar a lei.