Vítor Andrade, in Expresso
A crise no sector da aviação continua a deixar marcas. Descubra as diferenças nos céus de agora e de há um ano. A quebra na procura de viagens é da ordem dos 75%Se dúvidas ainda houvesse quanto ao impacto da crise pandémica no sector da aviação basta ver com atenção o que se passou nos céus ontem, dia 11 de novembro, e comparar com o cenário de há um ano, que aqui é apresentado pela Flightradar 24.
Pelas 15 horas de ontem estavam em operação 9.731 voos, enquanto à mesma hora do dia 13 de novembro de 2019 voavam pelos céus 16.695 aviões.
Numa análise mais fina, a Flightradar 24 vai ao pormenor de apurar que os aviões de corredor único entre os bancos que ontem voavam, tanto da Airbus como da família 737 (da concorrente Boeing), perfaziam um total de 2.989. Há um ano esse tipo de aviões no ar em simultâneo eram mais de 6.200.
Aqueles números são a face visível de uma crise que continua a minar a saúde financeira de todo o sector da aviação à escala mundial. Ainda há dois dias a Agência Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês) e a Federação Internacional dos Trabalhadores dos Transportes (ITF) emitiram uma declaração conjunta pedindo uma intervenção governamental urgente para evitar uma catástrofe de empregos na indústria da aviação.
PROCURA DE VIAGENS COM QUEBRA DE 75%
As estimativas do sector sugerem que cerca de 4,8 milhões de empregos de trabalhadores da aviação estão em risco como resultado da queda na procura de viagens aéreas em mais de 75% (agosto de 2020 em comparação com agosto de 2019).
O impacto das restrições relacionadas com o Covid-19 e medidas de quarentena “na verdade, fecharam a indústria da aviação, colocando muitos aviões em terra e deixando a infraestrutura e a capacidade das fábricas do sector sem aeronaves para produzir”, sublinham os responsáveis daquelas organizações.
“A indústria de aviação global está num estado de crise prolongada. Até o final do ano, quase 80% dos regimes de de apoio ao pagamento de salários estarão esgotados, e se não houver uma intervenção urgente dos governos, testemunharemos a maior crise de empregos que a indústria já viu”, disse Stephen Cotton, Secretário Geral da ITF.