28.12.20

“As pessoas precisam de ter alguma alegria no meio disto tudo, não é?”

Márcio Berenguer, in Público on-line

Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira, justifica a realização do fogo de artifício no Funchal na passagem de ano e insurge-se contra o Governo da República: “Começo a perguntar se vale a pena fazer parte do Estado português?”.

Neste contexto de pandemia, com a perda de turistas do Reino Unido, continua a fazer sentido o espectáculo de fogo-de-artifício da passagem de ano?
Completamente. Nós temos uma tradição. Somos das regiões turísticas mais importantes do país. Temos turismo, temos os locais. O fogo já está contratado, há muito tempo [vai custar cerca de um milhão de euros, mais sensivelmente outro milhão de euros para as iluminações de Natal]. Portanto vai ser dado e ainda bem que vai ser dado, porque as pessoas também precisam de ter alguma alegria, no meio disto tudo. Não é? As pessoas vão cumprir o distanciamento. A maioria vai ver em casa, temos espaços delimitados nas ruas para manter o distanciamento. Portanto vai tudo correr bem.

Que a imagem da Madeira é que vai ser projectada com este fim de Ano?Este fogo é um sinal de esperança para o próximo ano. Nós precisamos de ter alguma esperança. Ninguém consegue viver sempre com este peso, e estas restrições. Como sabem, nós somos a região do país, com menos infecções por 100 mil habitantes, e também menos óbitos registados. Temos a situação controlada, as cadeias de transmissão identificadas e controladas. E precisamos de retomar.

E terá assim tanto impacto na retoma?
O espectáculo é transmitido pela televisão, e as imagens são vistas em todo o mundo. O fogo-de-artifício também é isso. É preciso não esquecer a importância do Turismo para a economia da região. O sector representa 26% do PIB da Madeira, e não podemos estar à espera do Estado português, porque a nós não nos dão nada. Agora começo a perguntar se vale a pena fazer parte do Estado português, porque o Estado português não nos ajuda nem na pandemia, nem em situação nenhuma.

Ainda nos tentam rebentar com o Centro Internacional de Negócios e estão sempre a atacar as receitas da Madeira. Portanto eu quero saber, o quê que o Estado quer? Essa é a pergunta que os madeirenses começam a fazer.

Tem esperança na bazuca europeia?
Vamos ver. Espero que a Madeira seja compensada. Mas é um mecanismo europeu, já o Estado português tem feito zero pela Madeira. E se houver discriminação da parte do Estado, se o Estado tentar de alguma forma intervir na atribuição dos fundos comunitários para nos prejudicar, podem acreditar que vamos fazer uma queixa à União Europeia.