Henrique Cunha, in "Rádio Renascença"
Relatório anual sobre os desafios da pobreza e inclusão social vai ser apresentado esta quinta-feira.
A Cáritas Portuguesa reconhece grandes dificuldades para satisfazer os pedidos de ajuda que lhe chegam anualmente.
O relatório anual sobre os desafios da pobreza e inclusão social que será apresentado esta quinta-feira chama ainda a atenção para o facto de muitos pedidos de auxílio surgirem de pessoas com trabalho, mas com baixos rendimentos.
O presidente da Cáritas Portuguesas não tem dúvidas de que os níveis de pobreza aumentaram consideravelmente no último ano. Eugénio da Fonseca não apresenta números, mas sempre afirma que a capacidade de resposta da Cáritas fica por cerca de metade dos pedidos de ajuda.
"O que sabemos é que e isto sempre nos preocupou. É que ficamos sempre aquém daquilo que foram os pedidos das pessoas porque nunca tivemos capacidade para responder na totalidade às necessidades apresentadas. Andamos sempre na ordem dos 47% da atribuição de ajudas relativamente à totalidade daquilo que nos era solicitado", disse.
E isto porque os pedidos de ajuda aumentam e surgem também de pessoas que trabalham mas cujo rendimento é insuficiente.
"Os níveis de pobreza no nosso país que é uma forma, entre outras de exclusão, aumentaram consideravelmente. O país está mais empobrecido e o que é preocupante é que auferem baixos rendimentos apesar de terem salário garantido. O que quer dizer também uma das opções dos últimos anos foi a baixa de salários, foi as condições de trabalho impostas que pouco dignificavam a prestação das pessoas. A degradação das próprias condições de trabalho".
A Cáritas defende por isso a necessidade urgente de se encarar a pobreza como um desígnio nacional em que possam intervir políticos, agentes económicos, os trabalhadores e todos os órgãos intermédios da sociedade.