23.3.16

«A violência doméstica não se confina aos que são casados»

In "O Almonda"

Na quarta-feira, dia 9, no auditório da Nersant, decorreu uma palestra sobre violência doméstica e maus tratos, dirigida aos alunos da Escola Profissional de Torres Novas, no âmbito do trabalho da Prova de Aptidão Profissional da aluna Daniela Rosário, do 3º ano do curso de Comunicação.
Para a palestra foram convidados representantes da APAV, Associação de Apoio à Vítima, da GNR de Santarém, através do núcleo especializado de apoio à vítima, e do Instituto Nacional de Medicina Legal.

Depois do representante do Instituto de Medicina Legal falar sobre o papel da instituição na observação da vítima, pormenorizando o trabalho e a sua importância para a recolha de provas, foi a vez da APAV dar a conhecer a forma como se distribui pelo país, com 15 gabinetes, estando na região localizado em Santarém.

«A violência doméstica não se confina aos que são casados», explicou Gustavo Duarte ao jovem auditório. Pode também ocorrer entre namorados ou ex-namorados.

Se nessa situação existir violência, física ou psicológica, configura num crime de violência doméstica, esclareceu. E como se trata de um crime público, «qualquer pessoa pode denunciá-lo». E todos seremos importantes para «mudar mentalidades e salvar pessoas». Também os idosos são um grupo em que, nos últimos anos, têm aumentado os crimes de violência doméstica que são denunciados. Aí, os mais comuns, são os crimes de negligência ou de violência económica.

A Guarda Principal Catarina Maurício, da GNR e investigadora na área há 12 anos, dinamizou a sessão, interpelando os jovens e chamando-os a participar no debate.

Com um estilo interventivo deu exemplos de relações desequilibradas, dando conselhos aos mais novos sobre os abusos que são cometidos e que configuram em crimes de violência doméstica. Contou também que mesmo sendo contra a vontade da vítima, que muitas das vezes se encontra numa situação fragilizada, a investigação pode ocorrer.

Puxou a velha máxima de que “entre marido e mulher ninguém mete a colher”, para a classificar como «Mentira!». Deu exemplos dos trabalhos desenvolvidos em 2015, onde o núcleo com que trabalha fez 5 detenções no distrito, sendo que 4 das situações eram de violência sobre idosos.
Em declarações a “O Almonda” a aluna Daniela Rosário explicou que escolheu o tema por o considerar «importante», pois «assola a sociedade» e espera que a apresentação pública tenha contribuído para ajudar a mudar mentalidades e também comportamentos. Foi um tema a que quis «juntar a voz», disse. A Prova de Aptidão Profissional é uma prova final, onde o aluno tem de demonstrar o conjunto de conhecimentos e competências adquiridos e Daniela com a ajuda da professora orientadora, Célia Maurício, realizou todo o trabalho de organização da conferência.