2.8.18

Foram criados 302 mil empregos desde o início da legislatura

Luís Reis Ribeiro, in DN

Vieira da Silva considera que o desemprego pode sair mais baixo neste ano do que está no Orçamento. Há, pois, uma folga orçamental em vista.

O número de empregos criados desde o início da atual legislatura (novembro de 2015 a junho de 2018) ultrapassa os 302 mil, mais do que compensando a forte destruição de emprego no ciclo governativo precedente, a legislatura de junho de 2011 a outubro de 2015, marcada pelo programa de ajustamento da troika. Neste período, a economia perdeu mais de 200 mil empregos.

De acordo com informação ontem divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), os resultados definitivos para a criação de emprego apontam para um aumento de 2,5% em maio face a igual mês de 2017 e os dados preliminares indicam que o ritmo estará a ganhar força, com 2,7% em junho. Portanto, a economia ganhou 124 mil empregos num ano, dos quais 42 mil foram postos de trabalho para jovens (pessoas com menos de 25 anos).
Os níveis de desemprego também estão a cair, batendo sucessivos mínimos. A taxa definitiva relativa a maio (ajustada da sazonalidade) baixou para 7% da população ativa.

Esta marca teve "uma revisão de menos 0,3 pontos percentuais relativamente à estimativa provisória divulgada há um mês" e "ter-se-á de recuar até outubro de 2002 para se encontrar uma taxa inferior a esta", contabiliza o INE. Portugal terá agora 347 mil pessoas sem trabalho, o valor mais baixo desde agosto de 2002 (eram 333 mil desempregados há 16 anos).

O desemprego jovem acompanhou e baixou para 20,5% em maio, havendo agora 74 mil sem emprego.

O valor provisório para a taxa de desemprego em junho baixou para 6,7%. Significa, pois, que a média da primeira metade deste ano rondará os 7,3%, estando já abaixo das projeções feitas pelo governo (em abril, o Programa de Estabilidade dizia 7,6%), pela OCDE (em maio, a organização calculou 7,5%) e pela Comissão Europeia (7,7% nas projeções da primavera, também em maio).

O Banco de Portugal divulgou os cálculos atualizados em junho e é, por enquanto, a instituição mais otimista: vê uma taxa de desemprego média de 7,2% este ano.

Em reação aos dados do INE, o ministro do Trabalho, José Vieira da Silva, refere que eles vêm confirmar os elementos da Segurança Social e do Instituto do Emprego que apontam para "a continuação de uma significativa criação de emprego e diminuição do número de desempregados".

O ministério confirma que "no balanço, desde o início da legislatura, a taxa de desemprego diminuiu 5,2 pontos percentuais, no correspondente a menos 258,6 mil desempregados (menos 41,6%) e o emprego cresceu 6,7%, com um acréscimo de 301,9 mil pessoas empregadas".

Para o ministro, "essa diminuição da taxa de desemprego é feita principalmente pela criação de emprego", ou seja, "o emprego cresce substancialmente" e cresce mais do que diminui o desemprego.

Vieira da Silva espera desemprego mais baixo que o previsto no OE
De acordo com Vieira da Silva, a continuação deste movimento pode "contribuir para uma revisão em baixa do valor da taxa de desemprego para este ano". "Há todas as expectativas para podermos vir a ter um valor anual que seja inferior àquele que o governo estimou."

Esta evolução também permite gerar algumas folgas no Orçamento do Estado através de poupanças com verbas do subsídio de desemprego. É que o OE 2018 foi feito com o pressuposto de o nível médio de desemprego ser de 8,6% neste ano. Pelo que o INE ontem revelou, a média já estará mais perto de 7%.

A recuperação do mercado de trabalho em Portugal tem sido ajudada pela vitalidade de algumas atividades exportadoras (caso do turismo), por investimentos em novas áreas de negócio ligadas às novas tecnologias, mas também pelo facto de se continuar a observar uma evolução magra nos salários.

No diagnóstico da primavera, lançado em maio, Bruxelas defendeu que "é provável que o aumento do salário médio em Portugal seja parcialmente compensado por uma forte criação de emprego em atividades com salários abaixo da média".

Por isso, é de esperar "que os indicadores do mercado de trabalho mantenham uma evolução positiva".