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A inação das autoridades face aos inúmeros ataques racistas à comunidade cigana ucraniana é motivada apenas por uma razão: a sua pertença cultural. Artigo de Patricia Caro.
3 de Agosto, 2018 - 11:48h
A violência organizada anti-ciganos e os despejos liderados por autoridades públicas com relações à extrema direita atingiram as comunidades ciganas na Ucrânia. A inação das autoridades justifica a impunidade dos perpetradores e nega os direitos humanos mais fundamentais às famílias ciganas apenas por uma razão: a sua pertença cultural.
A 15 de julho, um jardim de infância e uma igreja cigana foram queimados em Zakarpattia. A 2 de julho, uma mulher cigana foi esfaqueada na mesma região. A 23 de junho, uma comunidade cigana nos arredores de Lviv foi atacada por um grupo de jovens mascarados, matando um homem de 24 anos e ferindo outros quatro, incluindo um menino de 10 anos de idade. A 7 de junho, outra comunidade cigana estabelecida em Kiev foi ameaçada. A comunidade, composta por 60 pessoas, pediu proteção à polícia e esta foi-lhe negada. Por fim, tiveram de fugir. A 24 de maio, o advogado que defende o caso de um homem de etnia cigana assassinado por um funcionário público em Carcóvia foi agredido no seu escritório. Três pessoas pediram que ele parasse de defender “os ciganos”. Um dos agressores foi um funcionário do Gabinete do Procurador Regional em Carcóvia. A 22 de maio, um grupo de 15 homens armados ateou fogo a um outro acampamento cigano na região de Ternopil. A 9 de maio, 30 pessoas com máscaras incendiaram outro acampamento em Rudne e as famílias foram forçadas a fugir face à ausência de proteção da polícia. A 23 de abril, outro grupo incendiou a casa de uma família cigana em Kiev. A 21 de abril, um acampamento cigano em Kiev foi violentamente desmantelado por 30 homens que acabaram por incendiá-lo. Depois de chegar ao local, a polícia não protegeu as famílias e, em vez disso, aconselhou-as a deixar a cidade. Estes ataques foram perpetrados por grupos de extrema direita como 'Juventude Sóbria e Irritada', 'Nemezida' ou o grupo paramiliar de extrema direita C-14, que procuraram reparar a corrupção do presidente ucraniano fomentando o ódio às comunidades roma.
A sociedade civil ucraniana reivindica a necessidade de garantir um contexto de segurança para a população cigana ucraniana e recorda que a investigação eficaz de todos os ataques é de grande importância para o país. Zola Kondur (do Fundo de Mulheres Romani "Chiriklí") conclui que "as autoridades devem compreender o perigo da impunidade das ações destes grupos radicais". Organizações como a Minority Rights lembram que "o silêncio da polícia nacional e o assédio que envolve funcionários públicos fomentam uma cultura de impunidade". O Conselho da Europa condenou os ataques aos acampamentos ciganos, e o Centro Europeu para os Direitos dos Ciganos, juntamente com o Centro Nacional Romaní, levará a Polícia Nacional da Ucrânia ao tribunal.
É urgente que as autoridades ucranianas dêem prioridade à criação das condições necessárias para garantir a segurança e a proteção da população cigana, juntamente com o cumprimento dos direitos humanos. Além disso, é essencial implementar mecanismos que garantam agilidade e transparência na investigação desses ataques, de modo a que os perpetradores sejam processados e a reparação seja imediata.
Neste contexto, a política internacional como relação sociocultural e diplomática cujo objetivo é garantir um contexto pacífico que repouse sobre a realização dos direitos humanos, tem uma grande oportunidade para demonstrar a liderança espanhola como promotora de culturas democráticas. No entanto, embora Sanchez tenha recebido Poroshenko em Moncloa no seu primeiro ato como presidente
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, não proferiu uma única palavra sobre esses ataques anti-ciganos, o que confirma o carácter neoliberal do progressismo socialista. Salve-se quem puder.
Os direitos humanos são inseparáveis da segurança em qualquer contexto, sobretudo quando são os Estados anti-ciganos que tornam as comunidades ciganas vulneráveis e depois as usam como alvos do ódio neofascista. Uma cultura democrática é uma cultura de paz, uma cultura feminista. No entanto, uma cultura política que negue a importância de erradicar as violações de direitos contra as comunidades ciganas dentro das agendas políticas internacionais é uma cultura política centrada na branquitude e patriarcal. Confirma a debilidade democrática dos estados na sociedade globalizada do século XXI. É uma cultura de guerra.