8.8.18

Quem dorme no McDonald’s é um "McRefugiado"

in RR

O fenómeno está a crescer em Hong Kong. As razões são sobretudo económicas.

Em Hong Kong, são cada vez mais as pessoas que passam as noites a dormir em lojas do McDonald’s que estão abertas 24 horas. O número dos chamados "McRefugiados" aumentou seis vezes nos últimos cinco anos.
Um estudo da organização sem fins lucrativos Junior Chamber International (JCI) contabilizou 334 pessoas a dormir em 110 restaurantes McDonald’s de Hong Kong em junho e julho. Em 2013, foram contabilizadas 57 pessoas na mesma condição.

Porém, ao contrário do que se possa pensar, a maioria não são sem-abrigo. Mais de 70% dos entrevistados pelos investigadores deste estudo disseram que tinham um outro lugar para dormir, seja habitação social providenciada pelo Estado ou uma casa dividida com outras pessoas. A maioria tem também emprego, seja a tempo inteiro ou parcial.

“Essas pessoas têm onde dormir, mas não querem voltar para casa”, diz a responsável pelo estudo, Jennifer Hong, em entrevista à CNN.

Mas então porque é que estas pessoas preferem dormir num restaurante de “fast-food” do que em casa? Os motivos são sobretudo económicos, seja falta de dinheiro para pagar as rendas ou os elevados preços da eletricidade.
Um homem contou aos investigadores que vivia com outras pessoas num apartamento que não tinha janelas e não conseguia pagar um ar condicionado. Em vez de comprar o eletrodoméstico, resolveu aproveitar o espaço do McDonald’s para pernoitar nos dias mais quentes. Além do ar fresco, ali tinha também wi-fi gratuito, casas de banho limpas e comida barata.

Mas há também histórias de más relações familiares e de solidão. Um indivíduo relatou não ter boas relações com os pais e, por isso, não queria regressar a casa. Uma idosa, sem filhos, conta que, desde que o marido morreu, prefere passar as noites na companhia de outros McRefugiados do que ficar sozinha em casa.

A McDonald’s parece não importar-se muito com esta situação. À CNN, a empresa diz que tem “equipas preparadas para lidar com diferentes cenários” e garantir um “bom ambiente àqueles que ficam nas lojas durante longos períodos de tempo, independentemente das razões pelas quais as fazem”.

O estudo da JCI inclui ainda várias recomendações ao Governo de Hong Kong, incluindo a disponibilização de mais recursos para as instituições de apoio social.