Joana Gonçalves, in RR
Cerca de 2.700 voluntários ajudam no funcionamento da máquina de um dos maiores eventos tecnológicos do mundo. A Renascença perguntou a uma empresa de recursos humanos quanto vale este trabalho.
A mais recente edição da Web Summit, a decorrer esta semana em Lisboa, arrancou com um número recorde de 70 mil participantes, de mais de 160 nacionalidades diferentes. E em linha com o cenário de edições anteriores, também este ano a organização contou com o apoio de milhares de voluntários.
De acordo com a informação divulgada esta quarta-feira pela organização da cimeira tecnológica, a edição deste ano, a 4.ª em Portugal, soma 2.700 voluntários que, ao que a Renascença apurou, cumprem 9 horas de trabalho diário, com direito a um dia para visitar a feira e assistir às conferências.
A carga de trabalho pode chegar às 18 horas diárias no caso dos voluntários que optam por trabalhar menos dias. À Renascença, uma das mais relevantes empresas de recursos humanos em Portugal adianta uma estimativa de custo, que avalia o trabalho destes voluntário em 976.860 euros, tendo em conta o valor do pedido e não apenas o valor de tabela.
“Para um evento de quatro dias, onde a necessidade é de 2.700 hospedeiras/comissários durante 9h/dia, o valor a considerar, em jeito de estimativa, é de 976.860 euros”, adianta a Randstad, tendo já em conta o dia de descanso, para visita à cimeira, a que todos os voluntários têm direito.
A Randstad esclarece ainda que, “perante estes perfis, e face à muito curta duração da atividade, [os voluntários] são regra geral prestadores de serviços, o que por outras palavras significa que respondemos a estas consultas com uma realidade de recibos verdes (fatura-recibo)”.
“O perfil não é exigente em termos de competências técnicas, mas pedem-nos pessoas com uma presença física apelativa e exigente, com forte capacidade de comunicação, simpatia e disponibilidade”, acrescenta a empresa especializada em recursos humanos e trabalho flexível.
Apesar de cumprirem uma carga horária exigente, os voluntários encaram a participação na Web Summit como uma oportunidade única para “reforçar a rede de contactos”.
“Vim porque tenho muito interesse por assuntos internacionais e acho que esta é uma experiência que me vai ajudar a desenvolver outro tipo de qualidades, para além de conhecer outras pessoas”, explica à Renascença Mariana Pinho.
Enquanto voluntária da Web Summit, a estudante de 20 anos está encarregada de orientar os participantes à entrada do Altice Arena e no interior do pavilhão.
“Nos dias em que venho faço o turno das 7h às 16h, portanto chego aqui às 6h30 e depois às 16h, quando acabar o turno, vou visitar um pouco a Web Summit antes de me ir embora.”
Contactada pela Renascença, a organização da Web Summit remete uma resposta oficial para o final da conferência.
Costa diz que ministro da Educação já foi voluntário e "fez-lhe bem"
Questionado pelos jornalistas, o primeiro-ministro, António Costa, responde que muitos jovens são voluntários para conhecerem um grande evento por dentro e para reforçarem a sua formação.
“Este evento, como grande parte dos eventos, vive de diversas formas e também de muitos voluntários. E por que é que são voluntários? Muitos deles são voluntários porque acham que é uma excelente oportunidade para poderem conhecer o evento por dentro, participarem por dentro nesta experiência, terem contacto com toda esta realidade e isso também contribui para a sua própria formação”, defende António Costa.
“Temos um programa específico de apoio às ‘startups’ portuguesas, que é um concurso que abrimos todos os anos, que designamos ‘Road to Web Summit’, para apoiar ‘startups’ portuguesas a estarem aqui, apresentaram os seus projetos sem terem de costear a sua participação aqui. Muitos destes voluntários estão aqui para poderem viver esta experiência por dentro”, sublinha.
O primeiro-ministro deu mesmo o exemplo do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que foi voluntário durante a Expo98.
“Há 21 anos, lembramo-nos todos do que foi a Expo98 e nessa altura houve dezenas, centenas, milhares, de voluntários. O senhor ministro da Educação foi aqui voluntário no Expo98 e foi, não porque a Expo estivesse aqui a explorar, mas porque quis viver por dentro esta experiência que também a Expo lhe proporcionou”, declarou António Costa.
Tiago Brandão Rodrigues disse não teria como participar na Expo sem ser como voluntário e o primeiro-ministro respondeu: “e fez-lhe bem essa experiência de voluntariado”.
[notícia atualizada às 20h10 - com declarações do primeiro-ministro]