por Cristina Nascimento, in RR
Diariamente, nove crianças sofrem uma queda com consequências graves. Nos últimos 14 anos, 109 acabaram por morrer. A Associação para a Promoção da Segurança Infantil lança uma campanha para sensibilizar famílias e profissionais da construção para os perigos que casas e escolas podem representar.
Faz parte do crescimento. Quando se é criança, muitas vezes cai-se. A questão é que essas quedas podem ter consequências muito graves ou até mortais. A Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI), preocupada com esta realidade, lançou uma campanha com o mote "Acabe com as quedas para a desgraça", que pretende alertar para este problema.
"É uma campanha forte, pretendemos mesmo tocar e abalar as pessoas, fazê-las acordar para realidade que são as quedas com crianças e jovens", diz à Renascença a presidente da APSI, Sandra Nascimento.
"Em Portugal, as quedas são a maior causa de idas às urgências e de internamentos, representando 4% das mortes acidentais com crianças e jovens", refere um estudo feito pela APSI. "Todos os dias, nove crianças, em média, sofrem uma queda com consequências graves, acidente que matou 109 crianças e jovens em Portugal nos últimos 14 anos".
As estatísticas não ficam por aqui.
"A maior parte das mortes na sequência de uma queda ocorreram em crianças e jovens do sexo masculino (77%), com idades compreendidas entre os 15 e os 19 anos (34%). Das restantes, 31% ocorreram entre 0 e os 4 anos, 19% entre os cinco e os nove anos e 16% entre os dez e os 14 anos”, garante a APSI.
As crianças que morreram ou ficaram gravemente feridas caíram de edifícios ou estruturas elevadas (por exemplo, escadas, escadotes ou em buracos). Há, no entanto, outras quedas, aparentemente mais inocentes, cujos efeitos se fazem sentir durante muito tempo e a diversos níveis.
Dados da Organização Mundial de Saúde indicam que, na Europa, "por cada criança que morre na sequência de uma queda, quatro ficam com incapacidades permanentes, 37 são internadas e 690 pessoas faltam ao trabalho ou à escola".
Conselhos para todas as idades
A campanha da APSI vai estar nas ruas, nas farmácias, na rádio, na televisão, nos autocarros e comboios durante duas semanas, mas a associação espera que a mensagem se prolongue no tempo.
"Pretendemos sensibilizar os projectistas e construtores para que adoptem as melhores práticas de projecto e construção", exemplifica Sandra Nascimento. As famílias também são alvo da campanha e repetem-se os conselhos, diferenciados de idades para idades.
"Nos primeiros meses de vida da criança, nunca deixe o bebé sozinho em cima da cama dos adultos, de um sofá ou mesa de muda de fraldas, nem por um segundo, mesmo que esteja a dormir", exemplifica.
A partir dos seis meses devem instalar-se cancelas em escadas e nunca colocar os bebés em andarilhos, por exemplo.
A partir dos seis anos, deve explicar-se à criança e ao adolescente o risco de se pendurar em janelas e varandas, sentar-se nos parapeitos ou caminhar sobre telhados e muros altos, aconselha a associação.
A APSI lembra ainda que "as quedas por tropeção, apesar de, no geral, não terem consequências graves, são muito frequentes". E, como tal, deixa mais conselhos: "não deixe brinquedos espalhados no chão; não calce chinelos às crianças e prefira sapatos bem presos aos pés, quando brincam, correm e andam de bicicleta".