5.11.14

Em cinco anos, 120 mil pessoas entraram em risco de pobreza ou exclusão social

Raquel Albuquerque, in Expresso

Números do Eurostat indicam que 2,88 milhões de pessoas estavam em risco de pobreza em Portugal no ano passado, número superior ao verificado em 2008. Na Europa, são mais de 120 milhões.

Cerca de um quarto da população da União Europeia (UE) estava em risco de pobreza ou exclusão social em 2013. São 122,6 milhões, ou seja, 24,5% da população da UE, uma proporção que baixou ligeiramente em relação a 2012 (24,8%), mas que continua a ser mais alta do que era em 2008 (23,8%), mostram os dados divulgados esta terça-feira pelo Eurostat.

O que os dados também mostram é que a proporção de população nessa situação em Portugal passou de 26% em 2008 para 27,4% em 2013. Ou seja, de 2,76 milhões para 2,88 milhões de pessoas, o que significa que em cinco anos mais 120 mil pessoas passaram a viver em pelo menos uma de três situações - em risco de pobreza após transferências sociais, em privação material severa ou a viver num agregado familiar com baixa intensidade de trabalho.

Bulgária (48%), Roménia (40,4%), Grécia (35,7%), Letónia (35,1%) e Hungria (33,5%) são os países que registam a maior proporção de pessoas em situação de pobreza. Pelo contrário, República Checa, Holanda, Finlândia e Suécia ficam nos melhores lugares (abaixo dos 17%)

Nesse período de cinco anos, só houve sete países a registar melhorias - Polónia, Roménia, Áustria, Finlândia, Eslováquia, República Checa e França. Já na Bélgica, não houve alteração nesse intervalo. Em todos os outros 20 países, a taxa agravou-se.


Os três indicadores
Quando se fala do risco de pobreza depois das transferências sociais - uma das três componentes do indicador - conclui-se que essa é a situação de 17% da população da UE. Em países como Espanha, Grécia ou Roménia, mais de 20% da população encontrava-se abaixo da linha de pobreza (que se mede a partir do rendimento mediano, pelo que poderá sempre oscilar se o rendimento aumentar ou diminuir). Em Portugal, 18,7% vivia em 2013 com um valor mensal abaixo dos 409€ (a atual linha de pobreza) - em 2008, a percentagem situava-se nos 18,5%.

Outra das situações tidas em conta no indicador é a privação material severa, risco que corria 9,6% da população dos 28 Estados-membros. Acima da média da UE fica Portugal, com 10,9% da população nessa situação.

Em terceiro lugar, é considerada a baixa intensidade de trabalho dos agregados familiares. Ou seja, sempre que os adultos de um agregado familiar trabalham menos de 20% do seu potencial, a intensidade de trabalho nesse agregado é considerada baixa. O aumento do desemprego reflete-se diretamente neste número, evidenciando que 10,7% da população com menos de 60 anos vive nessa situação.

Este é, em particular, o indicador que mais se agravou em Portugal no intervalo de cinco anos, tendo praticamente duplicado. Se em 2008 6,3% das pessoas viviam em agregados com baixa intensidade de trabalho, em 2013 essa proporção passou a ser de 12,2%.

Pior do que Portugal fica a Grécia (18,2%), Croácia (15,9%) ou Bélgica (14%) e, no extremo oposto, está o Luxemburgo (6,6%), a República Checa (6,9%) ou a Suécia (7,1%). Na maioria dos países, a intensidade de trabalho diminuiu nos últimos cinco anos.

A redução do número de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social na UE é um dos principais objetivos da União Europeia.

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