4.11.14

Maria João Rodrigues. Juncker está apostado em fazer reduzir o peso da corrente neoliberal

Por Ana Sá Lopes, in iOnline

Durão "teve assomos de alguma demarcação" da Alemanha, mas "rapidamente recuava", afirma a eurodeputada

Maria João Rodrigues, eurodeputada eleita pelo PS, é vice-presidente do grupo Socialistas e Democratas, que reúne os partidos sociais-democratas europeus. Acredita que a formação social-cristã de Jean-Claude Juncker pode ajudar a mudar as coisas na Europa, que continua a viver numa enorme incerteza. A crise, defende, "só se supera com um 'new deal'" europeu em que Juncker está empenhado. Mas ainda falta saber se existem apoios políticos para isso.

Estava ao lado de António Costa quando ele disse que o problema da dívida portuguesa só se resolve à escala europeia. Há, de facto, hipóteses do problema da dívida se resolver no contexto europeu?

Isso ainda está em aberto, nós vamos entrar num novo capítulo da história europeia. É um capítulo cheio de incertezas, porque a Europa está confrontada com desafios externos nunca pensados. A Europa hoje está rodeada de uma vizinhança profundamente instável e vai ter que dar muito mais atenção à sua frente externa directa, próxima. O mundo está completamente diferente, a China é hoje a maior economia do mundo e temos que saber lidar com este mundo e influenciar esse jogo. A certeza é que para a Europa ter influência nessa frente externa devia estar mais unida na frente interna. Ora, temos que reconhecer que a Europa está profundamente dividida. Basta falar na taxa de desemprego: nós nunca tivemos regiões com 5% de desemprego e outras com mais de 50%, se estivermos a falar do desemprego jovem. A Europa nunca esteve assim! E estas divergências também se traduzem no plano político: hoje quando estamos no plenário do Parlamento Europeu vemos uma paisagem política completamente diferente porque quase ¼ dos deputados que estão ali assentes são contra a Europa! Estão lá para dizer que é melhor desistir da construção europeia! Nunca estivemos assim! E há a percepção de que se nos próximos anos não houver uma resposta cabal a estas divergências e a estes desafios, da próxima vez que houver eleições europeias, não será ¼ será muito mais. É por esta razão que Juncker disse "esta é a Europa da última oportunidade". Há a consciência disso.