20.7.15

Engenharia e Arquitetura são os cursos com mais desempregados

por Joana Capucho, in Diário de Notícias

Estatística do ministério mostra que há 81 cursos que garantem total empregabilidade a diplomados, com Medicina no topo. Engenharia Civil é o que tem menos saída.

A partir de segunda-feira, milhares de estudantes começam a preencher as candidaturas para o ensino superior. A oferta é muito variada e no momento de escolher as perspetivas de emprego são muitas vezes um fator a ter em conta. Enquanto Medicina continua a dar as melhores garantias de emprego, Engenharia Civil, Economia e Arquitetura são alguns dos cursos com mais licenciados inscritos nos centros de emprego do país.

Em junho de 2014, estavam 282 graduados em Engenharia Civil do Instituto Superior Técnico à procura de trabalho. De acordo com os dados mais recentes da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, o curso, que contabiliza 4076 diplomados entre 1983-84 e 2013-14, é o que tem maior número de licenciados inscritos nos centros de emprego.

Na lista dos 50 cursos com mais diplomados desempregados surgem, ainda, outras três licenciaturas em Engenharia Civil e quatro em Arquitetura. Para o bastonário da Ordem dos Engenheiros, a dificuldade em conseguir emprego na área está relacionada com "a crise na construção civil, a dificuldade que muitos engenheiros têm em se deslocar para o estrangeiro e a crise em Angola, que afetou as empresas de construção civil."

Nos anos 80, lembra o bastonário, havia uma procura elevada de engenheiros civil devido ao boom da construção. "Em 2008-09 tínhamos quase 1500 inscritos nos cursos de Engenharia Civil, um cenário que mudou com a crise. No ano passado, inscreveram-se menos de 200 na primeira fase", lembra Carlos Matias Ramos. Na opinião do bastonário da Ordem dos Engenheiros, criou-se na sociedade a convicção de que ir para o curso de Engenharia Civil é ir para o desemprego. Com um número tão reduzido de jovens a enveredar pelo curso, e "os indícios de que a construção civil está a evoluir positivamente", poderá, a médio prazo, existir falta de profissionais em Portugal.

Perante o número de inscritos em Engenharia Civil - o mais baixo de sempre -, alguns cursos nem sequer arrancaram, o que poderá voltar a acontecer este ano, se o cenário se repetir, com este ou com outros cursos. Em sentido oposto, os cursos de Medicina continuam ser os que têm maior empregabilidade. De acordo com os dados que o Ministério da Educação e Ciência enviou às universidades e politécnicos, citados pelo Observador, há 81 cursos que garantiam em dezembro do ano passado total empregabilidade aos diplomados. Com maior número de graduados surgem seis cursos de Medicina (Universidade de Lisboa, Coimbra, Nova de Lisboa, Porto, Beira Interior e Minho), Engenharia Informática, na Madeira, Enfermagem, nos Açores e Educação Básica, na Madeira.

A Universidade do Minho, por exemplo, tem cinco cursos com uma taxa de desemprego nula. Contactado pelo DN, o reitor, António Cunha, mostrou algumas reservas na análise dos dados. "É perigoso tirar conclusões a partir destes dados, quer para dizer que um curso tem empregabilidade quer para dizer que não tem", refere. Na opinião do reitor, não faz sentido tirar conclusões sobre "cursos que têm pouco tempo, ou que têm poucos alunos." É o caso do curso de Geologia da Universidade do Minho, que surge na lista dos que têm maior taxa de desemprego (25%). Os dados referem-se ao período entre 2009 e 2013, no qual a licenciatura teve apenas oito diplomados, dois dos quais estavam inscritos em centros de emprego no final de 2014. Além disso, há desempregados que podem não estar inscritos, tal como há outros que trabalham em áreas diferentes.

Para António Cunha, "as taxas de desemprego têm mais que ver com o que se passa em cada região do que com a qualidade dos cursos, pelo que esta análise devia ter em conta a realidade regional.