in TSF
Alguma Europa está a responder com arame farpado aos fluxos de imigração clandestina. O caso mais recente é o da Hungria, na fronteira com a Sérvia, onde o governo de direita iniciou a construção de uma barreira. O tema está a gerar algum desagrado em Bruxelas. O ministro Rui Machete diz que a ação da Hungria "não é uma boa solução".
As autoridades húngaras começaram, há exatamente uma semana, a 13 de julho, a erguer um muro de quatro metros de altura que deverá prolongar-se pelos 175 quilómetros da fronteira entre a Hungria e a Sérvia, para conter o fluxo de refugiados.
O projeto, patrocinado pelo primeiro-ministro populista Viktor Orban e destinado a impedir o fluxo de imigrantes provenientes da região dos Balcãs que tentam alcançar a Europa ocidental, foi aprovado por uma larga maioria parlamentar a 06 de junho, e os trabalhos deverão prolongar-se por vários meses.
Laszlo Balogh/Reuters
Imigração: "muros" estão de regresso à Europa e Bruxelas não está a gostar
Obras de construção de um muro na fronteira entre a Hungria e a Sérvia
A iniciativa húngara foi tema de debate esta segunda-feira, em Bruxelas. O porta voz da comissão europeia, Margaritis Schinas, foi cauteloso nas palavras que são, apesar de tudo, de desagrado.
"É da responsabilidade dos Estados-membros protegerem as suas próprias fronteiras. Mas, nós sempre pensamos que construir cercas, talvez não seja compatível com os ideais e valores europeus", disse o porta-voz, fazendo eco do pensamento do presidente Jean-Claude Juncker que já usou a palavra "ditador" para descrever o primeiro-ministro húngaro.
À saída de uma reunião dos chefes de diplomacia da União Europeia, na qual o assunto foi abordado, Rui Machete notou que "a Hungria tem chamado insistentemente à atenção, e com razão, para a circunstância de haver um volume muito grande de imigrantes que entram pelas fronteiras orientais da Europa", mas observou que a construção do muro "merece o desagrado" dos restantes parceiros da UE.
O ministro português considera que a solução não está na construção de uma barreira de arame farpado que vai, antes de mais, criar outros problemas.
"As soluções têm que ser encontradas em termos de solidariedade de todos os Estados", e não serão "radicalmente diferentes daquelas que estão a ser encaradas para a Grécia e para a Itália, e portanto, nesse sentido, não é uma boa solução, além de que faz lembrar a separação do muro de Berlim, o que também não é simpático do ponto de vista simbólico", observou.
O ministro admitiu todavia que é necessário responder ao problema da Hungria, da mesma maneira que estão a ser discutidas formas de solidariedade para com Itália e Grécia, designadamente a repartição de dezenas de milhares de refugiados que chegam àqueles dois países (um "dossiê", assinalou, que não foi hoje discutido ao nível de chefes de diplomacia).
Em 2015, pelo menos 78.190 imigrantes foram registados na Hungria e segundo os número oficiais a grande maioria (77.600) tinha atravessado o território da Sérvia.