Joana Pereira Bastos, in Expresso
Muitos votantes do “não” no referendo sentem-se agora traídos com o acordo alcançado com os credores, que impõe mais austeridade. Partido neonazi deverá crescer com a forte insatisfação popular
Alex Karakostas, de 39 anos, é o rosto do desalento que muitos gregos sentiram esta segunda-feira ao nascer do dia. A notícia do acordo alcançado com os credores internacionais, que impõe uma dose reforçada de austeridade a um país já cansado dela, encheu-o de tristeza e “frustração”. O firme defensor do Syriza e fervoroso votante do Não no referendo do passado dia 5 sente-se, agora, “traído” por Tsipras e esvaziado da réstia de esperança a que até hoje se agarrava.
Ao acordar, deixou no Facebook, sem poupar nas palavras, a desilusão que lhe vai na alma: “Senhoras e senhores, perdemos. Perderam os que votaram Sim e perdemos nós, os que dissemos Não. Perdemos todos porque a Grécia morreu. As lojas vão fechar, o desemprego vai subir, a agricultura será destruída, os jovens vão emigrar, as pessoas vão suicidar-se. Tudo o que aconteceu nos últimos cinco anos vai continuar a acontecer. A Europa, tal como existe neste momento, não oferece qualquer esperança. Os que quiseram ficar na União Europeia a qualquer custo vão descobrir isso em breve”.