23.11.15

Algarve foi a excepção na queda do desemprego registado pelo IEFP

Raquel Martins, in Público on-line

Em Outubro, os centros de emprego receberam 70.194 novas inscrições, menos do que no mesmo mês de 2014 e do que em Setembro. No Algarve, o desemprego aumentou mais de 50%.

Depois da forte subida registada em Setembro, as novas inscrições de desempregados nos centros do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) voltaram a cair em Outubro. O Algarve e os Açores foram a excepção à regra e contrariaram a tendência de descida.

Ao longo do mês de Outubro, 70.194 pessoas inscreveram-se nos centros de emprego de todo o país, menos 4,3% do que no mesmo mês do ano anterior e menos 5,7% do que em Setembro. Numa análise mais detalhada conclui-se que em duas regiões a evolução foi, contudo, a inversa.

No Algarve, apesar de haver menos novos inscritos do que na mesma altura do ano passado, entre Setembro e Outubro verificou-se um aumento de 50,4%. Embora menos notória, também ocorreu uma subida mensal nos centros de emprego dos Açores, que registaram mais 1,5% de desempregados. Apesar destes aumentos, os desempregados destas regiões representam menos de 10% do total das novas inscrições.

Nas restantes cinco regiões o número mensal de inscrições diminuiu, tendo o Norte registado o decréscimo percentual mais significativo (-12,6%).

Olhando apenas para o Continente, o fim de trabalho não permanente continua a ser o principal motivo de inscrição dos novos desempregados, representando 42% do total. A categoria de outras razões (que inclui reinscrições de desempregados que faltaram a convocatória ou ao controlo quinzenal, e ex-emigrantes, entre outros) ocupa o segundo lugar, 28% do total, seguindo-se os ex-estudantes (11%) e os trabalhadores despedidos (8,5%).

As inscrições ao longo do mês são o melhor indicador para analisar o andamento do mercado de trabalho, uma vez que dão conta das pessoas que naquele período declararam estar desempregadas e não estão vulneráveis a intervenções administrativas (como as anulações que decorrem da falta a convocatória, por exemplo).

Olhando para o total de desempregados inscritos no final de cada mês, o IEFP dá conta de 542.030 pessoas nessa situação, uma queda de 10,5% em comparação com 2014 e uma ligeira subida de 0,6% (mais 3317 pessoas) do que no mês anterior. Em relação ao ano passado, o desemprego diminuiu em todas as regiões excepto na Madeira. Na comparação mensal, registaram-se subidas na Madeira, em Lisboa, no Alentejo, e no Centro. O Algarve teve a subida mais expressiva, de 16,8%, reflectindo o aumento do número de novas inscrições.

Quase 53% do total de desempregados eram mulheres, 87% tinham mais de 25 anos e 51,5% estavam inscritos há menos de um ano. Mais de 60% não foram além do terceiro ciclo do ensino básico, 24,5% completaram o secundário e menos de 14% têm um diploma. Uma grande parte dos desempregados (quase 67%), tinham trabalhado anteriormente no sector dos serviços, nomeadamente nas actividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio; 28% na indústria, sobretudo na construção; e 4,1% no sector agrícola.

Menos casais desempregados
O IEFP dá ainda conta do número de pessoas que não são contabilizadas na categoria de desempregados, porque estão frequentar formação ou integradas em programas ocupacionais promovidos pelos centros de emprego ou de formação do IEFP. Os desempregados classificados como ocupados eram 133.858 no final de Outubro, um número 17,5% inferior ao de 2014 e 0,5% menor do que o de Setembro.

Na comparação com Setembro, as colocações diminuíram 2,7%. Ao todo, 11439 desempregados voltaram a entrar no mercado de trabalho com a ajuda dos centros de emprego. Já em relação a 2014, as colocações registaram um aumento de 9,9%. Os empregos oferecidos eram sobretudo para trabalhadores não qualificados e dos serviços pessoais, de protecção e segurança e vendedores, que concentraram mais de 53% das colocações.

No final de Outubro, o IEFP dá ainda conta de 10.490 casais desempregados e em que ambos os cônjuges estão registados no centro de emprego. Trata-se de uma redução de 9,3% em comparação com o ano passado e de um aumento de 1,1% (mais 113 casais) face a Setembro.

O registo da informação sobre o estado civil dos desempregados e a condição laboral do seu cônjuge faz-se desde a entrada em vigor da Lei 4/2010 de 5 de Maio e é com base nela que se apuram os casais desempregados com filhos a cargo que recebem uma majoração no subsídio de desemprego (10% para cada membro do casal).