in A Semana
A Cáritas portuguesa denuncia a situação de fome, entre outras privações , por que passam 187 estudantes do Instituto Politécnico da Guarda provenientes dos PALOP. A informação é corroborada por uma estudante de Cabo Verde, que preside à associação de estudantes.
Segundo os responsáveis da Cáritas há "engodo" e os estudantes estão a ser as principais vítimas. "É o próprio Instituto Politécnico que vai a esses países. Não são elucidados" do que os espera.
"O IPG, devido à falta de alunos portugueses, vai fazer apelo aos alunos estrangeiros, faz parcerias com os municípios e vem com promessas de alojamento e de uma propina mais reduzida", denuncia a organização beneficente Cáritas à Rádio Renascença.
O Bispo da Guarda, responsável máximo pela Cáritas local, diz que há mais casos. Denuncia que os estudantes estão a ser vítimas na origem e na chegada, pois "como podem estudar se não têm nem o que comer?"
Não têm cantina a custo zero. Na zona mais fria de Portugal, a roupa que trazem é inadequada e muitas vezes falta dinheiro para o gás.
Dedo apontado também aos senhorios
Vêm com a promessa de que terão alojamento, mas têm de recorrer ao mercado habitacional. As rendas são altas, os senhorios obrigam-nos a pagar mais.
Apoio da Cáritas sempre
Mª Andrade, 27 anos, de Cabo Verde, estuda há cinco anos no IPG e está a terminar o mestrado em administração e gestão pública. Está agora como responsável da Associação de Estudantes dos PALOP.
Relata agradecida que tem podido sempre contar com o apoio da Cáritas. “Preciso sempre da ajuda da Cáritas – bens alimentares e vestuário, as necessidades básicas. Não fazia ideia de como era Portugal, nunca imaginei que fosse assim”.
Quanto aos estudantes que passam fome, ela é taxativa: "Por vergonha, alguns não procuram ajuda. Passam fome... é porque querem, porque a Cáritas não deixa ninguém passar fome".
IPG à defesa
O presidente do IPG reconhece a importância da ajuda da Cáritas aos alunos necessitados, mas sublinha que no Politécnico não abandonam ninguém. "Temos um aluno de Moçambique que veio com uma bolsa de uma câmara e essa bolsa nunca foi transferida. Passou o ano lectivo sem pagar uma refeição nem um mês de renda e continua aqui, a estudar, connosco", exemplificou à reportagem da referida rádio.