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Pelo menos quatro refugiados já morreram de frio na última semana na Europa. A Agência das Nações Unidas para os Refugiados teme pela sobrevivência de mil, só na Grécia 14-01-2017 . Susana Lúcio | FOTO: Marko Djurica/Reuters As baixas temperaturas que se fazem sentir na Europa já provocaram a morte a 69 de pessoas e estão a colocar em risco a vida de milhares de refugiados que vivem em situação precária. Na ilha de Lesbos, na Grécia, a temperatura atingiu os 14 graus Celsius negativos e um manto de neve cobriu as tendas e contentores onde vivem mais de 4.000 pessoas. Para proteger os mais vulneráveis ao frio, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados transferiu para hotéis cerca de 120 homens, mulheres e crianças. O ministro grego para a migração, Yiannis Mouzalas, garantiu que os refugiados estão protegidos. "Não há mais refugiados a viver ao frio", disse segundo a CNN. Mas uma moradora e voluntária, Philippa Kempson revelou um vídeo onde se vê tendas cobertas de neves. "Estou surpreendida por ainda não ter morrido ninguém", disse. A Agência das Nações Unidas para os Refugiados identificou cerca de mil pessoas que nos campos de refugiados das ilhas gregas que vivem em tendas e dormitórios sem aquecimento.
A porta-voz, Cecile Pouilly, pediu para que estas pessoas fossem transferidas com urgência para centros de de acolhimento no continente. A marinha grega enviou um navio para a ilha para servir de abrigo a 500 refugiados. Entretanto, no dia 3 de Janeiro, um homem do Afeganistão, de 20 anos, morreu de frio depois de atravessar um rio que separa a Grécia da Turquia. A ong United Rescues já identificou alguns casos de hipotermia em Lesbos. "As pessoas pensam que a Grécia é o verão eterno. Não é assim", disse a fundadora e presidente, Ella Carlquist. A porta-voz da UNICEF criticou os governos europeus por não resolverem a situação dos refugiados com mais celeridade. "Isto é sobre salvar vidas, não é sobre fitas vermelhas e acordos burocráticos", disse Sarah Crowe. "A situação na Grécia é terrível." A situação dos refugiados no continente não é melhor. No início da semana, a polícia alemã encontrou 19 refugiados, incluindo cinco crianças, com sintomas de hipotermia, numa auto-estrada da Bavaria, dentro de um camião que tinha sido abandonado pelo condutor. Na Bulgária, foram encontrados nas montanhas, junto à fronteira com a Turquia, dois iraquianos e uma mulher da Somália mortos devido ao frio. Em Belgrado, na Sérvia, onde as temperaturas desceram para os 20 graus de Celsius negativos, cerca de 2.000 refugiados que vivem num armazém abandonado têm acendido fogueiras para se manterem quentes. "Não sei como é que as pessoas estão a sobreviver nestas condições", disse Todor Gardos, da Amnistia Internacional. Foram distribuídos cobertores e comida. "A falta de vontade política para dar asilo ou reunificar famílias significa que estes seres humanos, que sobreviveram anos de guerra, violência e viagens perigosas para ficarem em segurança estão agora a morrer de frio às portas da Europa", disse a directora da ong Save the Children, Kirsty McNeill. No ano passado, morreram mais de 7.000 pessoas a tentar chegar à Europa. Só nos primeiros dias de 2017, já morreram afogadas 27 pessoas.
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