in Jornal de Notícias
Enviados das Nações Unidas advertiram na quinta-feira que a escalada do conflito no Iémen deixou grande parte da população a precisar de ajuda humanitária e que, caso nada seja feito, o país arrisca um cenário de fome este ano.
O enviado especial da ONU para o Iémen, Ismail Ould Cheikh Ahmed, alertou o Conselho de Segurança na quinta-feira que o "perigoso" recrudescimento dos ataques aéreos e dos combates no terreno está a ter "trágicas consequências para o povo iemenita", com milhões de pessoas a carecerem de ajuda alimentar urgente.
"O conflito no Iémen é agora o principal motor da maior emergência de segurança alimentar no mundo", afirmou, por seu lado, o secretário-geral adjunto da ONU para os Assuntos Humanitários, Stephen O`Brien, advertindo: "Se não houver uma ação imediata, a fome é um cenário possível para 2017".
Cerca de 14 milhões de pessoas -- quase 80% da população do Iémen -- carecem de ajuda alimentar, das quais metade vive numa situação de grave insegurança alimentar, disse O`Brien, indicando que pelo menos dois milhões precisam de assistência alimentar urgente para poderem sobreviver.
O secretário-geral adjunto da ONU para os Assuntos Humanitários alertou que a situação é "especialmente grave" no caso das crianças, com cerca de 2,2 milhões a sofrerem de desnutrição aguda -- um aumento de 53% face ao final de 2015.
"Em termos globais, a situação das crianças continua sombria: uma criança com menos de 10 anos morre a cada dez minutos por causas evitáveis", afirmou O`Brien.
O conflito no Iémen, a nação mais pobre do mundo árabe, opõe os rebeldes xiitas `huthis` e forças aliadas a uma coligação internacional liderada por sauditas.
A coligação iniciou uma campanha aérea em março de 2015 para restabelecer o governo reconhecido internacional e que abandonou o país depois de os `huthis` terem ocupado a capital, Sanaa.
As Nações Unidas têm apelado a um cessar-fogo para permitir a entrega urgente de suprimentos humanitários e à retoma das conversações políticas para acabar com a guerra.
O número de civis mortos em quase dois anos de conflito no país atingiu os 10.000, a que se somam 40.000 outros feridos, segundo dados revelados recentemente pela ONU.