Sónia M. Lourenço, in Expresso
“Finalmente o desemprego está a baixar devido ao aumento do emprego em termos líquidos”
Desemprego a dois dígitos. É essa a realidade do mercado de trabalho em Portugal há oito longos anos. Mas este cenário pode mudar já em 2017. As projeções das organizações internacionais, Banco de Portugal e mesmo o cenário macroeconómico do Orçamento do Estado para 2017 apontam para a continuação da queda gradual da taxa de desemprego este ano, mas mantendo-se acima, ainda que próxima, dos 10%. Contudo, vários economistas ouvidos pelo Expresso acreditam que essa barreira pode ser quebrada este ano. Caso esta previsão se concretize, será a primeira vez desde março de 2009 que o desemprego baixa dos 10%, considerando valores mensais ajustados de sazonalidade, do Instituto Nacional de Estatística (INE).
“Acho possível a partir de maio termos valores da taxa de desemprego abaixo dos 10%”, afirma Francisco Madelino, professor do ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa e ex-presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional. João Cerejeira, professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, considera que o desemprego em Portugal pode quebrar essa barreira nos próximos meses, embora “deva ficar próximo dos 10%”. Também Paulino Teixeira, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, acredita num desemprego abaixo dos 10% em 2017, ainda que apenas na parte final do ano: “No terceiro trimestre parece relativamente seguro”. Paula Carvalho, economista-chefe do BPI, é mais cautelosa. Mas considera que “não é impossível que quebre os 10%, mas só no segundo semestre, caso a dinâmica continue muito favorável”.