Rosário Silva, in RR
O presidente da Cáritas de beja elogia a atitude do autarca da Vidigueira de denunciar este tipo de casos.
O presidente da Cáritas de Beja diz que não foi alertado para eventuais situações de trabalho escravo na apanha da azeitona, denunciadas pelo presidente da Câmara da Vidigueira, mas diz que à instituição continuam a chegar situações de extrema carência.
“É uma situação que se repete todos os anos, principalmente nesta altura, por causa da apanha da azeitona pois é quando se faz sentir mais a falta de mão-de-obra no Alentejo embora ela exista ao longo do ano”, diz Florival Silva à Renascença.
O responsável recorda que a instituição a que preside “é quem ampara e quem aceita os problemas em fim de linha” porque situações desta natureza vão “depois reflectir-se em falta de alimentos ou de roupa.”
O presidente da Câmara da Vidigueira, Manuel Narra, diz que há imigrantes na apanha da azeitona e noutras colheitas sazonais em situação de “trabalho escravo” e alojados em espaços sobrelotados e sem condições sanitárias. O presidente da Cáritas elogia a atitude do autarca e lembra que, não há muito tempo, a instituição encaminhou “uma série de pessoas para o país de origem” depois de terem estado “aqui, sete dias a comer e alojadas, sete ou pessoas, provenientes de uma situação idêntica”.
“Neste momento”, prossegue, “estamos apenas a acompanhar alguns guineenses e pessoas de leste que perdem o emprego temporariamente”. São situações pontuais, garante, embora reconheça que “de vez em quando atendemos algumas pessoas que nem sequer sabemos se estão a trabalhar e em que condições, apenas sabemos que se encontram em situação de muita carência".
Florival Silva não esconde a preocupação própria de quem está cara a cara, todos os dias, com situações de privação.
“Nós ouvimos os nossos políticos dizer que este ano as coisas estão melhores, há menos pobreza. Eu não estou a sentir isso, estou a sentir mais pobreza, estou a sentir que há mais pedidos de ajuda, há carências mais acentuados e não estou a ver as melhorias.”
O presidente da Cáritas diocesana de Beja acrescenta: “Estamos na linha da frente, na linha de combate e não sentimos esse abrandamento, infelizmente.”