in Diário de Notícias
Portugal tem menos défice e menos desemprego e a atividade económica está a crescer mais, mas a dívida pública continua a subir e a taxa de poupança das famílias está em mínimos históricos.
Nas vésperas do dia em que os deputados da Assembleia da República debatem o Estado da Nação, agendado para esta quarta-feira, a Lusa fez um retrato da evolução do país através do que dizem os indicadores económicos e orçamentais desde 2015, o ano em que o atual Governo assumiu funções, comparando com os dados mais recentes já disponíveis para este ano.
O Produto Interno Bruto (PIB) está a crescer este ano ao ritmo mais elevado dos últimos dez anos: no primeiro trimestre, cresceu 2,8% face ao período homólogo, depois de ter progredido 1,6% em 2015 e 1,4% no ano passado.
A taxa de desemprego também tem estado sucessivamente a cair: em 2015 foi de 12,4% e em 2016 permaneceu acima dos dois dígitos mas recuou para os 11,1% da população ativa.
A estimativa provisória do Instituto Nacional de Estatística (INE) para a taxa de desemprego aponta para que tenha ficado nos 9,4% em maio deste ano.
Na frente orçamental, o défice das administrações públicas está igualmente em queda: em 2015 foi de 4,4%, já contando com o impacto do Banif, e, em 2016, foi de 2% do PIB, o mais baixo da história da democracia portuguesa e que permitiu o encerramento do Procedimento por Défice Excessivo (PDE).
Este desempenho foi, no entanto, ajudado pelo valor recorde da despesa que ficou por descativar até ao final do ano (cerca de 940 milhões de euros), pelo Programa Especial de Regularização do Endividamento ao Estado (PERES), que permitiu um perdão total ou parcial de juros aos contribuintes que regularizassem as suas dívidas fiscais (cerca de 550 milhões), e pelo regime de reavaliação de ativos (mais 100 milhões de euros).
Para 2017, os dados mais recentes são relativos ao primeiro trimestre e apontam para um défice de 2,1% até março, abaixo dos 3,3% verificados no mesmo período do ano passado e acima da meta de 1,5% para a totalidade do ano, um desempenho que faz com que o objetivo anual seja alcançável, segundo os analistas.
A dívida pública, por seu lado, ainda não inverteu a tendência de subida que tem vindo a ser anunciada sucessivamente e, em 2015, atingiu os 129% do PIB, tendo disparado para os 130,3% em 2016 e voltado a subir para os 130,5% no primeiro trimestre deste ano.
Também a poupança das famílias nunca esteve tão baixa: depois de ter caído para os 4,5% do rendimento disponível em 2015 e para os 4,3% em 2016, no primeiro trimestre deste ano, as famílias pouparam apenas 3,8% do seu rendimento disponível, o valor mais baixo desde 1999, o primeiro ano da série do INE.
Por oposição, um indicador que tem vindo a evoluir favoravelmente é a confiança dos consumidores que, em junho deste ano, o último mês para o qual o INE já tem dados, voltou a aumentar para um novo máximo desde novembro de 1997, o ano a partir do qual esta informação está disponibilizada.
Do mesmo modo, também o clima económico continuou a subir no mês passado, para o máximo desde junho de 2002.