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A 2ª Bienal Internacional de Gaia, que é inaugruada no sábado, no espaço do Centro Empresarial Fercopor, anuncia-se como uma "bienal de causas".
A iniciativa, que conta com 31 exposições e mais de 1.500 obras de artistas, lança aos 500 autores participantes o desafio de abordarem temas que inquietem e provoquem a sociedade, diz à Renascença um dos organizadores, Agostinho Santos.
"Queremos que esta seja uma bienal de causas, que provoque. Uma bienal que se preocupa com os outros, que está inquieta. Lançámos o desafio aos artistas de 11 países de abordarem questões que nos preocupam todos os dias: a violência, a guerra, a fome, a questão dos refugiados, os atentados terroristas, os sem-abrigo."
O coração da bienal está situado na antiga fábrica de linhas "Coats & Clark", o actual Centro Empresarial Fercopor. O pavilhão, com mais de sei mil metros quadrados recebe 18 exposições, mas a arte vai chegar a outros espaços da cidade - Biblioteca Municipal, Convento Corpus Christi e Mosteiro de Grijó - e da região norte, com exposições em Barcelos, Porto, Gondomar, Cerveira, Viana do Castelo, Monção, Figueira da Foz e Seia.
"Uma das vertentes da nossa bienal é levar a arte ao encontro das pessoas. Não nos vamos limitar apenas ao nosso município. Temos, por exemplo, um acordo com a bienal mais antiga do país, que é a de Vila Nova de Cerveira. Vamos ter uma exposição da Bienal de Gaia - a mais jovem do país - integrada na Bienal de Cerveira e vice-versa. Este tipo de parcerias entre bienais não é muito comum, mas nós queremos lançar este repto", diz Agostinho Santos.
Prémios, homenagens e medalhas
Na sessão de abertura da Bienal, a pintora Graça Morais vai receber a Medalha de Mérito Cultural e Científico, Grau Ouro, da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e expor pela primeira vez no município. O Centro Empresarial Fercopor vai receber uma mostra de 42 obras da colecção privada da artista.
"É uma honra. A Graça Morais é uma das maiores artistas contemporâneas. Temos todo o respeito e admiração por ela e vamos ter a sorte de organizar uma exposição antológica onde o público vai perceber o percurso fantástico da nossa artista. É a primeira vez que a Graça Morais expõe em Vila Nova de Gaia, no terceiro maior concelho do país", diz Agostinho Santos.
Os artistas vencedores dos três prémios da Bienal foram escolhidos entre 292 inscritos, 130 pré-selecionados e 88 selecionados e vão receber um prémio monetário no valor de cinco mil euros.
Marta Soutinho Alves venceu o Grande Prémio da Bienal atribuído pela Câmara Municipal de Gaia. João Macedo conquistou o Prémio de Escultura Zulmiro de Carvalho atribuído pela Câmara Municipal de Gondomar e Mariana Poppovic arrecadou o Prémio Águas de Gaia.
O evento vai ainda homenagear o artista Guilherme Camarinha com uma exposição com as obras do pintor, falecido em 1994, na Fundação Escultor José Santos, no Porto.
Expectativas ultrapassadas
O evento ainda não arrancou, mas a organização garante que as expectativas já foram largamente ultrapassadas e a curiosidade do público é notória.
“Estamos muito confiantes, porque a informação que tem chegado do público é muito interessante. As pessoas contactam-nos por e-mail, por carta, por facebook a perguntar informações. Estamos agora na fase final da montagem e já têm vindo cá várias pessoas espreitar. Quer a nível de artistas quer a nível de exposições, quer a nível de obras expostas ultrapassámos todas as nossas expectativas”, refere.
Agostinho Santos garante que a população de Gaia tem vindo a despertar para a arte, mas reafirma que a Bienal não tem barreiras e vai para lá do município: “O público de Vila Nova de Gaia e da Área Metropolitana do Porto e até da região norte começa a estar entusiasmado, porque uma das características desta bienal é a pretender ser uma bienal da Área Metropolitana do Porto e do norte do país."