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Entre Janeiro e Junho deste ano, 305 pessoas pediram apoio à Defesa do Consumidor por questões de sobreendividamento. Um número que sofreu um ligeiro aumento relativamente ao ano transacto, onde este serviço, integrado na Secretaria Regional da Inclusão e Assuntos Sociais, deu apoio a cerca de 600 pessoas em situação de endividamento excessivo durante todo o ano. No fundo, trata-se de pessoas que estão impossibilitadas de pagar um ou mais empréstimos. É quando o saldo devedor é superior ao valor do rendimento mensal da pessoa em causa e esta não consegue cumprir com os seus compromissos financeiros, tendo várias prestações em atraso, explicou Graça Moniz, directora do serviço de Defesa do Consumidor. O desemprego, o divórcio e a doença são apontados como as principais causas que levam as pessoas a contrair empréstimos que não conseguem pagar, tal como se verificou no ano de 2013, altura em que o serviço registou a maior procura por parte de pessoas sobreendividadas. Um valor que tem vindo a baixar gradualmente, possivelmente devido à recuperação da economia, à queda do desemprego e também devido ao trabalho contínuo realizado por este serviço, que faz uma análise de cada uma destas pessoas e, depois de identificar as situações de incumprimento, presta-lhes toda a informação, aconselhamento e orientação, de forma a solucionar o problema da melhor maneira, informou a directora do serviço. Além disso, Graça Moniz revelou que a Unidade Técnica de Apoio ao Endividado e Sobreendividado tenta também renegociar os créditos, através de propostas de renegociação que são sempre dirigidas às entidades credoras, tendo sempre em conta a capacidade de solvabilidade das famílias porque é preciso que as mesmas consigam cumprir.
Mas se há muitos que pedem dinheiro por necessidade, há também quem faça uma má gestão das finanças pessoais, contraindo empréstimos para passar férias ou até mesmo para comprar carros topo de gama, e, apesar de por vezes receberem um ordenado acima da média, acabam por não saber gerir da melhor forma o seu orçamento familiar. “Temos pessoas de todos os estratos sociais. Pessoas que vão desde situação de desemprego e com muitas dificuldades, empregados que têm problemas de atraso de pagamentos, temos pessoas de classe média que recebem vencimento médio e depois temos aqueles que recebem vencimentos acima da média mas que não têm capacidade de gestão financeira”, referiu a responsável por aquele serviço, explicando que existem ainda casos onde já não há viabilidade para renegociar os créditos e, aí, as pessoas são orientadas para a Segurança Social para pedir apoio jurídico e tentar uma possível insolvência singular onde, se for o caso, poderão ver as suas dívidas perdoadas. No que concerne aos casos de insolvência os dados divulgados pela Defesa do Consumidor apontam para uma diminuição, onde 30 pessoas foram encaminhadas no primeiro semestre deste ano, comparativamente ao período homólogo (45). Madeirenses mais cautelosos Embora continue a existir publicidades aliciantes nesta matéria de crédito, Graça Moniz garante que além das pessoas das zonas rurais, que são sempre mais cautelosas no que toca a este assunto, grande parte dos madeirenses está mais elucidado para esta situação e já não cede tão facilmente a este tipo de ofertas. Acredita que isto deve-se também à forte aposta do serviço ao nível da prevenção, que passa pela realização de acções de formação e de esclarecimento em Juntas de Freguesia, Casas do Povo, Centros Comunitários e Escolas, de forma a abranger o maior número de pessoas e prevenir o endividamento da população, aconselhando-a a fazer uma boa gestão financeira. “Nas formações acabo sempre com a seguinte frase: As pessoas mais felizes não têm o melhor de tudo. Elas simplesmente fazem o melhor com aquilo que têm”, concluiu a responsável. Redução da dívida em oito anos De referir ainda que no final do primeiro trimestre de 2017 a dívida das famílias madeirenses à banca era de 2.960 ME. Segundo os dados publicados pela Direcção Regional de Estatística da Madeira (DREM), destes, 2.414 ME diziam respeito ao crédito à habitação e 5.48 ME ao crédito de consumo. Os mesmos números mostram que este valor registado até ao dia 31 de Março deste ano é o mais baixo desde 2009 quando a dívida global era de 3.743 ME. Neste período registou-se ainda 1.71ME de créditos por pagar.