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A diretora executiva da agência das Nações Unidas responsável pela igualdade de género considerou hoje que os casos de assédio e abuso sexual que têm vindo a público são apenas "a ponta do icebergue".
Phumzile Mlambo-Ngcuka disse, numa entrevista à Associated Press a propósito do Dia Internacional da Mulher, que hoje se assinala, que o número de mulheres que vieram a público denunciar os casos é pequeno e o número de homens que foram acusados é limitado, quando comparado com o número dos que não foram expostos.
No entanto, disse que a acusação e punição de homens antes considerados "intocáveis" é um momento importante e afirmou que, no mínimo, há a possibilidade de reduzir e suspender a continuação do abuso, porque os agressores agora sabem que "há mesmo uma possibilidade de a vítima contar".
"É um ponto de inversão e um momento crítico para todos", disse Mlambo-Ngcuka, diretora executiva da ONU Mulheres, sublinhando que o importante é garantir "que o pêndulo não volta para trás".
Na entrevista, Mlambo-Ngcuka recordou que nenhum país do mundo alcançou ainda a equidade de género, exemplificando que mesmo na Islândia, que tem os mais altos níveis de consciência sobre igualdade de género, a violência contra as mulheres é um problema, a desigualdade salarial existe e a sub-representação das mulheres em cargos de decisão é um facto.
O tema deste Dia Internacional da Mulher é "O tempo é agora: ativistas rurais e urbanas transformam a vida das mulheres".
Para manter a atenção do mundo no movimento #MeToo, surgido depois das denúncias públicas de assédio e abuso sexual por parte do produtor Harvey Weinstein, ativistas deste movimento foram convidadas a participar nas cerimónias na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, disse Mlambo-Ngcuka.