Ana Paula Lima, in Jornal de Notícias
Desempregados de grandes empresas dificilmente encontram trabalho
As multinacionais Opel, Yazaki, Lear e, mais recentemente, a Qimonda, atiraram para o desemprego, em poucos anos, mais de quatro mil pessoas. Muitas continuam à procura de uma nova chance de recuperar a vida perdida.
A certeza de que algo estava mal na indústria automóvel surgiu com o fecho da Opel, na Azambuja, há três anos, onde laborava há 46 anos (ler ao lado). O construtor do grupo General Motors deslocalizou a produção para Saragoça, Espanha, à procura de melhores preços e ainda hoje há antigos trabalhadores que não encontraram um novo emprego.
Mas, já em 2005, o sector de componentes para automóveis dava sinais de problemas. A Lear fechava na Póvoa do Lanhoso e dois anos depois em Valongo. O ano de 2007 foi histórico no desaparecimento de empresas de componentes automóveis. Johnson Controls, Alcoa Fujikura e Delphi são exemplos de multinacionais que reduziram ou abandonaram a produção no nosso país. O medo agrava-se, agora, com a indefinição na Autoeuropa, a maior exportadora nacional e maior produtora de carros no país, que poderá deslocalizar a produção e abandonar Portugal.
No sector têxtil, os encerramentos sucedem-se há anos, e agora afectam empresas de capitais nacionais, em vez de multinacionais. A Maconde, onde ex-trabalhadores despedidos em 2008 continuam à espera das indemnizações devidas (ler ao lado), foi também o ponto de partida de um ciclo de fechos de empresas emblemáticas. O caso da Silva&Sistelo, que decretou falência no início deste ano, é disso exemplo.
Há, ainda, os despedimentos colectivos, como o realizado pela maior empresa têxtil portuguesa, a Coindu, que produz assentos para automóveis.
Além desta realidade, as estatísticas também mostram que o fecho de empresas é para continuar. Segundo dados da Coface, no primeiro semestre do ano iniciaram processos de insolvência 2285 firmas, mais 64,7% do que no primeiro semestre de 2008, com a indústria transformadora a apresentar o maior número de fechos.
Mas, também nas tecnologias mais avançadas se deu o inesperado. A Qimonda, em Vila do Conde, fechou em menos de dois anos de actividade e deixou no desemprego 596 pessoas (ler em baixo).