in Diário de Notícias
Cerca de quatro milhões de brasileiros saíram da condição de pobreza nas regiões metropolitanas do país nos últimos sete anos e, apesar da crise mundial, o Brasil continuou a diminuir a pobreza e a desigualdade nas principais regiões metropolitanas.
A conclusão é de uma pesquisa hoje divulgada pelo Instituto de Pesquisa Económica Aplicada (IPEA), vinculado ao Ministério do Planeamento.
De acordo com o estudo, o número de pobres no Brasil caiu de 18,5 milhões em Março de 2002 para 14,5 milhões em Junho deste ano.
Na avaliação do presidente do IPEA, Marcio Pochmann, a queda deve-se ao aumento do ritmo da expansão económica brasileira a partir de 2004, à recuperação do emprego, elevação do salário mínimo e a programas de transferência de renda, nomeadamente o Bolsa-Família, que atinge os 20 por cento mais pobres da população.
Ao contrário do que se verificou em períodos anteriores de crise - 1982 a 1983, 1989 a 1990 e 1998 a 1999 -, houve uma redução da pobreza no Brasil de Outubro de 2008 a Junho de 2009, quando o Brasil sentiu as turbulências internacionais.
Em plena crise mundial, a taxa de pobreza no Brasil caiu 2,8 por cento, com 503 mil pessoas a saírem da miséria.
Para Pochmann, isso é fruto de decisões do actual governo e também de administrações anteriores que ajudaram a construir uma rede de protecção social para os segmentos mais vulneráveis da sociedade brasileira.
O estudo do IPEA registou também queda na medida de desigualdade na renda para as seis principais regiões metropolitanas brasileiras - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre - durante as turbulências internacionais.
O índice Gini, que mede a desigualdade, caiu 4,1 por cento entre Janeiro e Junho, registando a mais alta queda dos últimos sete anos e atingindo o menor patamar histórico (0,493) nas principais regiões metropolitanas.
O índice varia de zero a um, indicando maior desigualdade à medida que o valor se aproxima de 1.
Pochmann destacou que a crise no Brasil, que atingiu mais o sector industrial, acabou por favorecer a redução da desigualdade.
"Houve uma redução das maiores remunerações frente à crise e, ao mesmo tempo, mantiveram-se as políticas de protecção dos rendimentos daqueles que estão na base da pirâmide social", explicou.
O economista salientou, entretanto, que a distribuição de rendimentos no Brasil ainda é insatisfatória.
"O Brasil precisa de uma acção contínua ao longo dos anos, porque a desigualdade de rendimento do trabalho nas regiões metropolitanas está nove pontos percentuais acima do que seria considerado civilizatório", concluiu.