22.8.11
Fundo Social da Cáritas auxiliou mais de 3 mil pessoas
in Público on-line
O Fundo Social Solidário, criado pela Conferência Episcopal há um ano, ajudou mais de três mil pessoas e quase 1.400 famílias, tendo gasto mais de 323 mil euros principalmente no pagamento de rendas, mas também na criação de emprego.
“É pouco para o universo das necessidades, mas para as possibilidades do Fundo é significativo porque estamos a falar de valores face a um país que entrou numa situação de recessão como o nosso. Claro que três mil e tal pessoas, quando falamos de 700 mil desempregados, é uma gota de água no oceano, mas a acção da igreja em matéria de pobreza não se restringe ao Fundo Social Solidário”, considerou Eugénio da Fonseca, presidente da Cáritas, contactado pela agência Lusa.
Num comunicado enviado às redacções, a Cáritas Portuguesa, instituição oficial da Conferência Episcopal para a promoção e dinamização da acção social da Igreja, revela que durante um ano conseguiu angariar 742.119,95 euros e gastou 323.342,73 euros, havendo 418.777,22 euros que ainda não foram gastos.
“Não foram ainda usados porque no início, no regulamento do fundo, não estava previsto uma cláusula que viemos a adoptar sob pena de hoje já não termos Fundo. Em determinada altura, face à quantidade de pedidos e ao montante de cada pedido, esgotávamos rapidamente os fundos disponíveis e damos agora um duodécimo do pedido total”, explicou Eugénio da Fonseca.
De acordo com o presidente da Cáritas, as dioceses que façam chegar pedidos de ajuda têm também de contribuir com uma parte que ajude a responder ao pedido que é feito.
“Imagine que uma pessoa nos pede três mil euros para pagar rendas de casa em atraso, o Fundo dá um duodécimo desses três mil e cada Cáritas, na sua zona, ou através da Segurança Social, ou através de incentivos, ou através de fundos diocesanos, põe o resto”, exemplificou.
Os dados da Cáritas mostram também que dentro do total de 3.159 pessoas em 1.384 famílias, a maioria das ajudas (34,68 por cento) foi para o pagamento de rendas, logo seguido por outro tipo de casos (31,94 por cento), definido como “outros”, mas que engloba coisas tão díspares como pagamento de propinas, próteses ou obras em casa.
A ajuda do Fundo Social Solidário chegou também para despesas com a luz (13,15 por cento), água (8,24 por cento) ou medicamentos (10,55 por cento), mas também para a criação de emprego próprio (1,45 por cento).
Eugénio da Fonseca explicou que em relação à criação de emprego “têm procurado estudar com muito cuidado as propostas que chegam”, explicando que “não vale a pena neste momento fazer certo tipo de investimento, como seja abrir restaurantes ou cafés”.
Do trabalho desenvolvido, a Cáritas tira três conclusões que entende que devem ser aplicadas no futuro, como a cooperação de todas as entidades públicas e privadas com responsabilidades sociais para abranger as situações de maior gravidade.
Por outro lado, defende como “indispensável” um dinamismo social permanente a partir da base local até aos centros de decisão política e vice-versa, bem como a adopção de iniciativas que atuem nas causas dos problemas.
O presidente da Cáritas disse ainda à Lusa que vai ser realizada uma assembleia social a 29 de Outubro com o objectivo de tomar consciência dos problemas com maior frequência, reflectir sobre as causas e depois procurar soluções.
“A ideia é que desta assembleia saiam propostas que possam depois ser apresentadas ao Governo”, rematou.