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O Governo antecipa uma tendência de queda no desemprego. Na Renascença, o economista João Duque e o antigo presidente do IEFP Francisco Madelino não dão respostas idênticas à questão sobre se a descida traduz a realidade.
O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, antecipa uma melhoria nas estatísticas dos dados trimestrais de emprego, que serão conhecidas esta quarta-feira. Os dados mais recentes apontam para uma taxa de desemprego de 13,6% em Setembro.
Segundo números divulgados pelo Eurostat, esta taxa terá uma redução de 2,1 pontos percentuais relativamente ao valor do mesmo mês de 2013.
O que motiva esta tendência de queda no desemprego? O economista João Duque identifica sinais de evolução da economia portuguesa que motivam a criação de emprego, sobretudo à custa do investimento privado.
“Alguns sinais na economia começam a dar indicação de alguma animação no mercado”, diz à Renascença.
“Essa animação tem sido acompanhada com investimento e esse investimento tem provocado um aumento do emprego. Há alguma criação de emprego. O benefício deve-se às empresas porque as empresas é que fazem investimento, porque não é o Estado que está a fazer investimento”, afirma Duque.
Também existem estágios com financiamento do Estado, reconhece João Duque. São “umas ajudas", diz, sublinhando que "nos últimos dois trimestres, foi claro: aumentou-se o emprego positivamente e aumentou-se o investimento”.
Emprego ou estágio?
O antigo presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) Francisco Madelino sublinha o efeito da criação de estágios temporários sem garantia de emprego futuro, que fazem baixar as estatísticas de desemprego.
“Há pessoas que estão a rodar naquilo a que se chamam formações modelares e portanto essas pessoas, quando estão a fazer formações curtas, ocupacionais, não qualificantes, não estão nas estatísticas”, explica.
Também “há pessoas que estão em programas ocupacionais, em escolas, em hospitais, em autarquias locais, e portanto não são consideradas desempregadas”.
“Por outro lado, o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) tem tido uma política extremamente generosa de apoios à empregabilidade, nomeadamente em estágios para jovens, que têm levado a que muitas pessoas estejam ocupadas e não apareçam como desempregadas”, aponta o antigo presidente do IEFP.
Paulo Portas minimiza previsões da Comissão Europeia para a economia portuguesa e antecipa que vêm aí dados positivos do desemprego.
Em declarações feitas à margem de um comício, em Lisboa, Portas desvalorizou as previsões mais pessimistas e revelou que as estatísticas do desemprego estão a melhorar.