3.3.16

Fundação Montepio celebra 20 anos a falar da economia social

In "Sábado"

Especialistas em economia social e parceiros da associação foram os protagonistas da conferência comemorativa dos 20 anos da Fundação Montepio. O director da SÁBADO, Rui Hortelão, moderou um dos painéis

A Fundação do Montepio Geral celebrou 20 anos, esta quarta-feira, com uma conferência comemorativa intitulada 20 anos de Intervenção Social em Portugal, em Lisboa, onde reuniu especialistas da área da economia social e parceiros da organização, como a Fundação EDP, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Fundação PT e Cases.

Carlos Beato, membro do Conselho de Administração do Montepio Geral - Associação Mutualista, iniciou a sessão com uma "palavra de enorme apreço" às entidades que têm vindo a trabalhar com a Fundação Montepio e também "uma palavra de agradecimento aos voluntários" sem os quais não teria sido possível fazer "o foi possível ao longo dos últimos 20 anos". Veja o vídeo aqui.

O debate iniciou-se com o painel A Visão dos Protagonistas, moderado pelo director da SÁBADO, Rui Hortelão, onde participou o presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza. Sérgio Aires lamentou a falta de respostas do Estado relativamente à protecção social e aproveitou para criticar os que pensam que "toda a protecção social pode ser privada, que a água pode ser privada". O desejável, defendeu, é que haja "mais responsabilidade social do Estado". E alertou: "Os espaços vazios agigantaram-se muito nos últimos anos e, portanto, os buracos da protecção social são tão grandes que não chegam 100 Fundações Montepio para os cobrir". Veja o vídeo aqui.

No mesmo painel, Dulce Rocha chamou a atenção para as principais ameaças ao bem-estar das crianças, lembrando que estas são "o elo mais fraco" de uma sociedade com problemas sociais. "Se nos enredamos numa malha burocrática e perdemos a capacidade de escutar e falar com as pessoas, não estamos a cumprir a nossa missão. O primeiro dever é ouvir para diagnosticar melhor", sublinhou a directora-executiva do Instituto de Apoio à Criança.

Já Domingos Rosa, presidente da AFID Diferença, defendeu que, entre as áreas sociais, a da deficiência "tem sido aquela que mais tem evoluído". Quando comparada com a área dos idosos, a da deficiência "está muito mais evoluída, quer sobre o ponto de vista técnico de intervenção, quer sobre o ponto de vista da capacidade instalada e de organizações", exemplificou. Uma opinião partilhada por Maria Joaquina Madeira, para quem "não é fácil envelhecer nas sociedades modernas, nas quais a indiferença e o preconceito são comuns no que se refere aos idosos". "Quer-se viver muitos anos, mas ninguém quer ser velho", frisou a coordenadora a nível nacional o Ano Europeu do Envelhecimento, em 2012.

Da parte da tarde, Margarida Pinto Correia (Fundação EDP), Luísa Valle (Fundação Calouste Gulbenkian), Graça Rebocho (Fundação PT) e Carla Pinto (Cases) participaram no painel A Visão dos Parceiros da Fundação Montepio, moderado por Rui Marques. A responsável da Fundação EDP argumentou que é fundamental que se ultrapassem os "egos, que eram culturalmente o nosso espelho", e que as fundações e outras instituições do sector social trabalhem em conjunto. "Deveríamos ser um exemplo para o resto da sociedade de aprender a partilhar os equipamentos, a optimizar os recursos, deveríamos poder construir, de facto, em conjunto", defendeu. Veja o vídeo aqui.

No terceiro e último painel, Paula Guimarães (GRACE), Eugénio da Fonseca (Confederação Portuguesa de Voluntariado), Sofia Santos (BCSD), Fernando Adão da Fonseca (em representação da UNICER) e Mário Curveira Santos (Centro Português de Fundações) apresentaram A Visão das Entidades que a Fundação Montepio Integra. No debate, moderado por Fernanda Freitas, Eugénio da Fonseca garantiu que "é graças à Fundação Montepio que muitas vezes se consegue concretizar a inovação social." Veja o vídeo aqui.

No discurso de encerramento, o presidente do Conselho de Administração da Fundação Montepio, Tomás Correia, assumiu que "a esperança e a confiança são e serão decisivas para os próximos 20 anos". Para o futuro, garantiu que "a Fundação Montepio continuará a trilhar o seu caminho, com sentido de responsabilidade mas, sobretudo, com muita humildade, com humildade de querer fazer mais e melhor, mais com menos, em conjunto com todos os outros".