in TSF
Na mensagem do Ângelus, o papa Francisco pediu mais empenho aos líderes europeus para acolherem 49 migrantes que, há vários dias, estão em dois barcos no Mediterrâneo aguardando autorização para aportar.
O papa Francisco apelou este domingo aos líderes europeus para mostrarem "solidariedade concreta" com os 49 migrantes ainda retidos em dois navios de Organizações Não Governamentais (ONG) de Malta, alguns dos quais há mais de duas semanas.
"Durante vários dias, 49 pessoas resgatadas no Mediterrâneo embarcaram em dois navios de ONG à espera de um porto seguro para desembarcar, e exorto os líderes europeus a mostrar solidariedade concreta em relação a estas pessoas", disse o chefe da Igreja Católica aos milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro, por ocasião da oração tradicional do Ângelus.
Na semana passada, vários grupos humanitários, incluindo a Amnistia Internacional e a Organização Internacional para as Migrações, pediram à União Europeia que encontre uma solução para estes navios.
O número dois do Governo de Itália, líder do Movimento 5-Estrelas, aceitou receber mulheres e crianças caso Malta permitisse que os navios atracassem. Mas o ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, que lidera o partido da Liga anti-imigração opôs-se à ideia.
Antes, durante a missa da solenidade da Epifania, na Basílica de São Pedro, o papa Francisco apelou a que se imite a generosidade dos Reis Magos, empreendendo o "caminho do amor humilde".
"Para encontrar Jesus há que procurar um caminho diferente, há que seguir um caminho alternativo, o seu, o caminho do amor humilde. E há que mantê-lo", assinalou o papa.
Francisco afirmou que só os Reis Magos viram a estrela no céu que os guiou até à manjedoura onde nasceu Jesus, "não os escribas, nem Herodes, nem nenhum outro em Jerusalém".
"Hoje, estamos convidados a imitar os Reis Magos. Eles não discutem, seguem caminhando, deixaram as suas casas e tornaram-se peregrinos pelos caminhos de Deus", acrescentou.
O chefe da Igreja Católica sublinhou ainda que "para vestir o traje de Deus, que é simples como a luz, é necessário despojar-se antes dos vestidos pomposos".
E advertiu os fiéis: "quantas vezes seguimos os olhares sedutores de poder e fama, convencidos de prestar um bom serviço ao evangelho. Mas então tornaram o foco de luz para o lado errado, porque Deus não está lá. A sua luz ténue brilha no amor humilde".
"Quantas vezes, mesmo como Igreja, tentamos brilhar com luz própria. Mas nós não somos o sol da humanidade. Somos a lua que, apesar das suas sombras, reflete a luz verdadeira, o Senhor: ele é a luz do mundo, ele, não nós", acrescentou.
Na festa da Epifania, o papa disse que os "Reis Magos vão ao Senhor não para receber, mas para dar" e questionou: "levaram algum presente a Jesus para a sua festa no Natal, ou trocaram presentes entre vós".
E recordou o ouro, o incenso e a mirra mencionados no Evangelho, como símbolos dos presentes que se devem dar a Deus.
Antes da homilia, seguindo a tradição, foi anunciada solenemente, em latim, a data da Páscoa deste ano (21 de abril) e as festas litúrgicas que lhe estão associadas, em datas móveis, como a quarta-feira de Cinzas (06 de março) ou o Corpo de Deus (20 de junho).