De João Paulo Godinho, in Euronews
O governo da Arábia Saudita anunciou esta sexta-feira que as cidadãs com mais de 21 anos podem agora obter passaporte e viajar para o estrangeiro sem precisar da autorização de um homem (pai, marido, filho ou outro familiar do sexo masculino).
A Amnistia Internacional veio já reconhecer a importância da decisão. Para Lynn Malouf, diretora de pesquisa para o Médio Oriente, este é um passo "muito bem-vindo", que se vai traduzir em "maior autonomia e paridade para as mulheres" na Arábia Saudita.
No entanto, há ainda quem critique um suposto desvio aos princípios do Islão ou veja riscos nesta alteração. Numa contraofensiva, os membros ultraconservadores da sociedade saudita partilharam vídeos de sermões de religiosos sauditas pregando o sistema de “guardião masculino”.
As cidadãs sauditas passam também a poder declarar oficialmente nascimentos, casamentos ou divórcios e a terem autoridade parental sobre os seus filhos menores, mudanças que também enfraquecem o sistema de “guardião” obrigatório para as mulheres.
As reformas inserem-se na série de medidas de liberalização tomadas pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que tenta mudar a imagem do reino.
No espaço de um ano, as mulheres sauditas passaram a poder conduzir e a frequentar estádios de futebol, algo que estava apenas reservado aos homens até um passado recente.