in Expresso
Centenas de voluntários de todas as idades estão no armazém do Banco Alimentar Contra a Fome, para poderem contribuir com o seu trabalho em mais um fim de semana de recolha de alimentos.
Ana Baião Centenas de voluntários de todas as idades aguardavam hoje a sua vez no armazém do Banco Alimentar Contra a Fome, em Lisboa, para poderem contribuir com o seu trabalho em mais um fim de semana de luta contra a fome promovido pela instituição.
As filas começaram a ser formadas logo pela manhã e cerca das 12h preenchiam o parque exterior do armazém em Alcântara, já muito movimentado com os carrinhos que chegavam com caixas carregadas de alimentos, enquanto no interior a azáfama já era muita para receber os bens doados.
"Neste momento, começaram a chegar os carros que estão a recolher os donativos que as pessoas generosamente deram para depois serem distribuídos às instituições", disse à agência Lusa Helena André, que luta há 20 anos como voluntária por esta causa.
Enquanto um grupo de voluntários ajudava a descarregar os carros que transportavam os bens, outro abria os sacos para condicionar os alimentos. Alguns voluntários encontravam-se junto às balanças para pesar os produtos para serem distribuídos pelas instituições.
"Podiam estar em casa ou a passear, com um dia tão bonito de sol, mas querem dar o seu tempo para uma causa em que acreditam"
A acompanhar atentamente todos estes movimentos estava a presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome.
Para Isabel Jonet, é "muito gratificante" ver a "quantidade tão grande de voluntários" que esperavam para poder ajudar na campanha.
"Podiam estar em casa ou a passear, com um dia tão bonito de sol, mas querem dar o seu tempo para uma causa em que acreditam e se identificam", disse à agência Lusa, considerando que esta é a "grande partilha e interação de quem dá e quem recebe que faz com que as campanhas sejam sempre um sucesso".
Para a responsável, a "mistura" de voluntários, em que se encontram pessoas de todas as idades, de todos os partidos, clubes e religiões faz com que haja "uma riqueza de campanha para campanha".
Vânia, 17 anos, esperava pacientemente a sua vez para participar pela segunda vez numa causa em que acredita.
"Faço parte de um grupo de jovens voluntários e estou aqui porque também gostava que fizessem isso por mim", disse a jovem.
"Participo pelo facto de sentir-me útil"
A participar pela quinta vez nesta ação, Vanessa, 22 anos, disse que é "um dia diferente" marcado pela solidariedade.
"Participo pelo facto de sentir-me útil e também por poder dar um bocadinho do meu contributo nesta campanha que é essencial não só nesta altura como em qualquer altura do ano", sublinhou.
Para Joaquim Matos, 41 anos, foi uma estreia como voluntário: "Todos os anos participo com a oferta de algumas compras, mas já algum tempo que andava interessado em fazer voluntariado e este ano resolvi inscrever-me".
Joaquim Matos confessou ter ficado impressionado com o movimento de solidariedade em torno desta iniciativa e com toda a logística em torno desta causa.
"O que propomos às pessoas não é que nos deem muito, mas que sejam muitas a dar, mesmo que deem apenas um pacote de leite"
Há 20 anos a dirigir o Banco Alimentar, Isabel Jonet disse ser "muito gratificante" ver que um pouco por todo o país podem multiplicar-se os resultados para ajudar pessoas em dificuldades.
"Nós não entregamos diretamente os produtos às pessoas, mas temos uma rede de 2.047 instituições que todos os dias levam os alimentos a 329 mil pessoas", explicou.
Para Isabel Jonet, é "incontestável" que se vive numa altura muito difícil para muitas famílias portuguesas. No entanto, "aquilo que os bancos alimentares propõem é que as pessoas partilhem, com quem tem muitas dificuldades para se alimentar, algo das suas compras".
"O que propomos às pessoas não é que nos deem muito, mas que sejam muitas a dar, mesmo que deem apenas um pacote de leite ou um pacote de esparguete", apelou.