por Catarina Fernandes Martins, em Atenas, RR
País já entrou em incumprimento perante os credores e os cidadãos de Atenas não conseguem prever as consequências do referendo de domingo, vença o “sim” ou o “não”.
Os gregos já não conseguem levantar os 60 euros permitidos por dia. As notas nas caixas de levantamento de dinheiro (ATM) começam a rarear e a população receia, cada vez mais, o regresso ao dracma.
A Grécia entrou formalmente em incumprimento perante o Fundo Monetário Internacional (FMI) na noite de terça-feira. Esta quarta-feira, em Atenas, já se sente a preocupação nas ruas.
Perto da Praça Syntagma, cerca de 10, 15 pessoas fazem fila num ATM. Um olhar mais aproximado revela o seu desespero. "Nós já não estamos no euro", diz-se.
A incerteza é grande: os gregos não sabem o que vai acontecer, repetem, "Votar para quê? Nós não sabemos qual é a consequência do 'sim', qual é a consequência do 'não'".
Os cidadãos da capital grega não conseguem prever o que vai acontecer em qualquer um dos cenários que saia do referendo de domingo, que quer decidir se o país aceita as propostas feitas na semana passada pelos credores internacionais e o governo de Alexis Tsipras rejeitou.
O Governo encerrou os bancos e impôs um controlo de capitais desde segunda-feira e durante uma semana, permitindo um levantamento diário máximo de 60 euros para a população. Só no passado fim-de-semana foram retirados dos bancos gregos 1,3 mil milhões de euros na sequência do aprofundamento da crise política.
Os turistas não são afectados pela medida e podem levantar com os seus cartões, emitidos no estrangeiro, somas mais elevadas. Em comunicado, o Ministério do Turismo, responsável por uma indústria decisiva para a entrada de divisas e que dá emprego a muitos gregos, garantiu que o fornecimento de combustível está assegurado, à semelhança de todos os produtos e serviços "para que as férias dos turistas não sejam perturbadas em qualquer região do país, nas ilhas ou na Grécia continental".
Em paralelo, foi anunciado que todos os transportes públicos, incluindo o metro, serão gratuitos enquanto forem aplicadas estas medidas de excepção.
Algumas agências seleccionadas abriram portas esta quarta-feira para permitir aos reformados levantar parte das pensões, cerca de 100 euros e não muito mais.
A Grécia falhou o pagamento de 1, 6 mil milhões de euros ao FMI na terça-feira e entrou em incumprimento. Pede agora mais tempo aos credores. Esta quarta-feira está marcada mais uma reunião que pode ser decisiva para uma solução que permita manter o país na Zona Euro.