21.10.15

"Pobreza tem impacto de 5% nos ricos e 25% nos pobres"

in Região de Leiria Online

Os desafios e o futuro do terceiro sector foi o tema das V Jornadas de Economia Social que decorreram em Leiria, no dia 8 de outubro. A pobreza foi uma das questões abordadas, enquanto problema transversal às instituições de economia social. Jornadas debateram relevância da economia social "A Assembleia da República devia ter um grupo de trabalho para analisar o impacto das leis que promulgam, sobretudo na ação social". A ideia foi defendida pelo padre Jardim Moreira, presidente da Direção da EAPN Portugal / Rede Europeia Anti-Pobreza, durante as V Jornadas de Economia Social que se realizaram no passado dia 8 de outubro, no Hotel Tryp, em Leiria. Jardim Moreira referiu que "a pobreza é transversal uma série de ministérios" e que a sua causa pode não residir apenas na economia, podendo ser também o Parlamento.

Uma monitorização aos efeitos das leis promulgados conseguiria, no seu entender, esclarecer o país sobre as verdadeiras causas da pobreza. Neste contexto, lembrou ainda que as medidas geradoras de empobrecimento têm um impacto de 5% nos ricos, mas de 25% nos pobres e manifestou-se preocupado relativamente ao tempo que esta percentagem demora a reduzir. Jardim Moreira referiu ainda que "o país não caminha todo ao mesmo ritmo", havendo zonas em que caminha mais rápido em função dos autarcas e das entidades locais. Durante as V Jornadas de Economia Social, promovidas por 11 instituições da região, entre as quais o Núcleo de Leiria da Rede Europeia Anti-Pobreza, foi ainda debatida a necessidade de conhecer a realidade das instituições que trabalham no domínio da Economia Social, algo que já está a ser feito pela CASES - Cooperativa António Sérgio para a Economia Social, anunciou o seu presidente Eduardo Graça.

Adiantou ainda que foi criada uma conta satélite que permite fazer um zoom sobre as contas da economia social e do seu peso relativamente à economia nacional. Eduardo Graça salientou que a economia social vale 5,5% do emprego remunerado mensal em Portugal, que é uma "taxa elevada" e "muitíssimo mais do que o sector segurador e bancário". Pedro Hespanha, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, salientou que "a sociedade descansou à sombra da transferência de competências" e que neste momento está a sofrer "as consequências da desresponsabilização e do excesso de atribuição ao Estado". Por parte do Estado, prosseguiu Pedro Hespanha, existe interesse em ser parceiro e cooperante, por ser "uma solução mais barata". Já da parte das instituições verifica que "a escolha das valências é a que permite uma melhor relação com o Estado para obter financiamento" e não aquela que vai ao encontro das reais necessidades da comunidade. As V Jornadas de Economia Social contaram ainda com a participação de Pedro Krupenski, da plataforma das ONGD - Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento, Jorge Brandão, da CCDRC - Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Alexandra Neves, da Portugal Inovação Social, Tânia Santos , docente da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria, e Pedro Antunes da Logframe.