28.10.15

Saúde: Estudantes juntam-se para combater o estigma das doenças mentais

Por Sara Gerivaz, in Jornalismo.pt

É preciso combater o estigma das doenças mentais. Para isso, três instituições do Ensino Superior da cidade associam-se à Porto Lazer para formar um logótipo humano, no próximo sábado dia 31 de outubro, na praça D. João I, no centro do Porto.

Esperam-se 500 pessoas, no sábado de manhã, na praça D. João I. O objetivo é que a massa humana se organize, de forma a criar um logótipo humano, no âmbito do World Dignity Project, um movimento mundial para combater o estigma relacionado com a saúde mental. A campanha foi lançada pela World Federation for Mental Health (WFMH) que pretende quebrar os rótulos associados às pessoas com deficiência mental e abordar a temática da dignidade dos doentes e das doenças mentais.

A iniciativa surge no seguimento das comemorações do Dia da Saúde Mental, comemorado no passado dia 10 de outubro. António Marques, vice-presidente do Instituto Politécnico do Porto (IPP) explica ao JPN que inicialmente o logótipo humano seria realizado no pólo da Asprela, por aí se concentrarem grande partes das faculdades do Porto. No entanto, através da articulação com a Porto Lazer, a atividade foi transferida para o coração da cidade, o que cria, de acordo com o vice-presidente do IPP, “um impacto completamente distinto”. Ainda assim, os estudantes continuam a ser o principal foco de intervenção.

Se por um lado, o propósito da iniciativa passa por “passar uma mensagem aos estudantes mais presente do que é hoje ter uma doença mental e romper com este estigma da doença mental”, por outro é preciso transmitir a imagem que os estudantes são preocupados e ativos no que diz respeito à participação nesta causa. “O objetivo é também contribuir para a própria de desestigmatização que há com os jovens, de que a malta que se envolve nas tunas e nas praxes não são pessoas interessadas nestas coisas. Desta forma contribuímos para mostrar que os estudantes do Ensino Superior, das tunas e das praxes, também são estudantes que se movem por causas sociais de revelo”, considera António Marques, também membro integrante do Laboratório de Reabilitação Psicossocial.

António Marques é da opinião que, nos últimos tempos, têm sido muitas as mensagens negativas em torno dos estudantes do Ensino Superior. A participação dos mesmo na formação do logótipo humano vem mostrar “a questão, mas no sentido inverso”. Dos 500 participantes no projeto do próximo dia 31, a grande maioria são, assim, estudantes. “O principal público que nós queríamos envolver nesta iniciativa eram os estudantes, como uma forma também de fazer chegar esta mensagem aos estudantes, sobretudo aos futuros profissionais de saúde, líderes de organizações e que, de alguma forma, se começasse a desconstruir, a partir da população estudantil, também o estigma que existe em torno da doença mental e das pessoas com este tipo de doença”, elucida o vice-presidente do Politécnico do Porto.

Desta forma, a organização contactou com as mais variadas associações de estudantes, tunas académicas e comissões de praxe, que vão formar a grande massa humana dia 31. Assim, no sábado de manhã, por volta das 10h, o espaço junto ao teatro Rivoli vai ser preenchido de pessoas vestidas de branco, uma das exigências da organização. A tarefa é simples: os participantes têm apenas de formar uma fila e erguer um cartão colorido. A intervenção será filmada por um meio aéreo para registar o momento. António Marques conta ao JPN que o presidente da World Federation for Mental Health, Gabriel Ivbijaro, também vai lá estar para marcar o lançamento da campanha no Porto.

Para além disso, aquando da formação do logótipo, os estudantes Associação Cultural e Recreativa da Tuna de Tecnologia da Saúde do Porto e pessoas com doença mental vão dar um concerto, no âmbito do projeto Contratempo. O objetivo é a completa abertura e desmistificação do estigma associado à doença mental.

A programação que tem vindo a ser realizada no âmbito do Dia Mundial da Saúde Mental é da responsabilidade da Rede de Apoio a Reabilitação Psicossocial para Pessoas com Doença Mental na Área Metropolitana do Porto (RARP-AMP), da qual fazem parte as três principais instituições do Ensino Superior, ou seja, a Universidade do Porto (UP), o Instituto Politécnico do Porto (IPP) e a Universidade Católica do Porto (UCP) e ainda todas as instituições comunitárias que intervêm neste domínio.

Também no próximo dia 30 de outubro, na Universidade Católica do Porto o dia será dedicado à temática, através do Fórum Dignidade em Saúde Mental e do Primeiro Fórum Português de Saúde Mental e Empresas.