2.11.15

Indicadores europeus e nacionais sobre pobreza

César Cruz, in Capeia Arraiana

Recentemente foi colocado à disposição um documento que reúne a última informação estatística a nível europeu e nacional, sobre a pobreza e a exclusão. Estes dados foram publicados pela EAPN que aqui sintetizamos. A Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal (EAPN Portugal) é uma organização sem fins lucrativos europeia, a atuar em Portugal desde 1991, que tem por objetivos essenciais o combate à pobreza e à exclusão social.
Enquanto ultimamente se tem falado de recuperação económica, os últimos dados nacionais e europeus referentes à pobreza e exclusão social refletem o impacto que a crise económica e as várias medidas de austeridade implementadas após 2008 tiveram nestes fenómenos e nas pessoas que se encontram nestas situações. Afinal, temos medo de um papão chamado mercado mas não temos medo de um outro papão maior, chamado de pobreza e exclusão social. Sem mais, neste artigo reproduzimos dados divulgados há pouco mais de uma semana. A austeridade foi uma boa política? Boas políticas fazem-se para as pessoas. Ora vejamos:
• Em 2013, 27,5 por cento da população portuguesa era considerada como estando em risco de pobreza e/ou exclusão social, de acordo com a definição adotada pela Estratégia 2020;
• Em termos de género, são as mulheres que se encontram em maior risco de pobreza e de exclusão social.
• Na Europa, o grupo com idades compreendidas entre os 18 e os 24 anos encontra-se em maior risco de pobreza e de exclusão social. As crianças, com idades até aos 18 anos, constituíam o segundo grupo mais vulnerável à pobreza e à exclusão social. No que diz respeito às pessoas mais idosas (65 e mais anos), a percentagem tem sido das mais reduzidas.
• Tendo em conta a composição do agregado familiar verificou-se que o risco de pobreza e exclusão social para as famílias monoparentais com um ou mais filhos a cargo manteve-se elevado – quase 50 por cento.
• As pessoas com nível de escolaridade inferior ao secundário encontram-se em risco de pobreza e de exclusão social (três vezes mais em risco quando comparadas com outros grupos com nível de escolaridade superior).
• Estima-se que mais de 10 por cento da população em Portugal se encontre em situação de privação material severa.
• No conjunto de todos os grupos etários, é junto dos trabalhadores jovens que se encontra a taxa mais elevada de pobreza. É junto dos jovens que a taxa de desemprego atinge valores mais elevados. Em 2014, mais de um terço dos jovens entre os 15 e os 24 anos que se encontravam disponíveis para trabalhar estavam em situação de desemprego.

• Em Portugal, segundo o Eurostat, as disparidades salariais entre homens e mulheres situaram-se nos 13 por cento.
• Estima-se que o impacto do envelhecimento demográfico no seio da UE seja significativo nas próximas décadas. As pessoas com idades entre os 0 e os 14 anos correspondiam a 15.6 por cento da população da UE28; as pessoas em idade ativa, ou seja, com idades entre os 15 e os 64 anos, correspondiam a 66.5 por cento da população e as pessoas idosas, com idades de 65 e mais anos, detinham a parcela de 17,9 por cento da população.
• O índice de dependência dos idosos está projetado para aumentar o que implica que das 4 pessoas em idade ativa que existem para cada pessoa com mais de 65 anos, passarão a existir 2 pessoas em idade ativa.
• Em Portugal, segundo o INE, em 2013, 19,5 por cento das pessoas estavam em risco de pobreza em 2013. Os últimos dados do INE indicam que, em 2014, 27.5 por cento da população residente em Portugal encontrava-se em risco de pobreza ou exclusão social.
• Em 2013, 20 por cento da população com maior rendimento recebia aproximadamente 6.2 vezes o rendimento dos vinte por cento da população com o rendimento mais baixo. Esta desigualdade é ainda maior quando verificamos que 10 por cento da população mais rica aufere 11.1 vezes o rendimento dos 10 por cento da população mais pobre.
• Tanto para as crianças como para os adultos entre os 18 e os 64 anos, a taxa de risco de pobreza de 2013 é a mais elevada dos últimos 10 anos. Desde 2007, as crianças apresentam-se como o grupo etário com maior vulnerabilidade à pobreza