Leonor Paiva Watson, in "Jornal de Notícias"
Metade das crianças e jovens que estão institucionalizados foram antes alvo de uma medida em meio natural de vida.
Em 2015, estavam acolhidas 8600 e, destas, 4255 já tinham sofrido intervenção, ou seja, já tinham estado sinalizadas e as suas famílias já tinham sido apoiadas. O relatório Casa, que faz a "Caracterização Anual da Situação de Acolhimento das Crianças e Jovens", diz que "poderão levantar-se questões sobre a eficácia das medidas".
Ontem, aquando da apresentação do documento, fonte do Instituto da Segurança Social, revelou que "há medidas que podem ter falhado, mas o acolhimento é sempre a última alternativa, pelo que se vai tentando outras respostas, antes da institucionalização, para salvaguardar a criança".
Mais do que um acolhimento
O mesmo documento revela, ainda, que 3100 jovens, isto é, 36% dos que estavam em acolhimento em 2015, já tinham estado acolhidos em uma outra instituição; e que 2484 até já tinham estado acolhidos em duas instituições antes da atual. De resto, 476 estão na sua terceira resposta de acolhimento; e 140 já estão na quarta, quinta e até sexta resposta de acolhimento.
Armando Leandro, presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, admitiu que "quanto mais tempo se trabalha em meio natural de vida (junto das famílias), mais tarde os jovens entram em acolhimento" e que isso "pode originar situações mais complexas depois". "As crianças institucionalizadas são cada vez mais velhas", mas "é uma prioridade trabalhar a harmonia familiar".
De resto, o relatório revela que das 2612 que cessaram o acolhimento, 1193 (46%) ficaram institucionalizadas de um a três anos; e que dos 819 jovens, com idades entre os 18 e os 21, 254 ficaram mais de seis anos.