Liliana Valente, in Público on-line
O Papa Francisco defendeu este domingo que a Igreja deve pedir desculpa também a pobres e a mulheres que tenha tratado mal.
Não é a primeira vez que o Papa Francisco se refere ao modo como ao longo dos tempos tem sido a relação do Vaticano com homossexuais, mas este domingo defendeu mesmo que os cristãos e e a Igreja Católica devem procurar o perdão de quem ofenderam.
"Eu acho que a Igreja não deve apenas pedir desculpa a homossexuais que tenha ofendido, mas deve também pedir desculpa aos pobres, e às mulheres que foram exploradas, às crianças que tenham sido exploradas (sendo forçadas a) trabalhar. E deve pedir desculpas por ter abençoado tantas armas", disse, citado pela Reuters, quando questionado por jornalistas se concordava com as afirmações de um cardeal alemão que defendeu esta semana que a Igreja deveria procurar o perdão dos gays.
O Papa falou durante quase uma hora com jornalistas que o acompanharam numa viagem à Arménia. Quando questionado sobre o massacre de Orlando – um atentado este mês numa discoteca LGBTI do estado da Florida, nos EUA, que provocou a morte a 49 pessoas –, o Papa defendeu que a Igreja nem sempre fez o que podia: "A Igreja deve dizer que está arrependida por não se ter comportado como deveria muitas vezes, muitas vezes".
Mas a mensagem não era apenas para dentro da Igreja, mas sim para toda a comunidade. "Quando eu digo a 'Igreja', eu quero dizer nós, cristãos, porque a igreja é santa; nós somos os pecadores", acrescentou o Papa. "Nós, cristãos, devemos dizer que lamentamos."
Mas mais do que isso, o chefe da Igreja Católica disse que os gays "não devem ser discriminados. Devem ser respeitados e pastoralmente acompanhados".
Não é a primeira vez que o Papa Francisco fala de um assunto sensível para a Igreja Católica. No sínodo sobre a família, em Outubro de 2015, defendeu o acolhimento de gays, mas não o seu casamento. Sem nunca se referir concretamente às pessoas que vivem à margem das regras católicas – divorciados, homossexuais, pessoas que vivem em uniões de facto –, Francisco lembrou que a Igreja que lidera “não aponta o dedo para julgar os outros” e tem o dever de misericórdia, porque “uma Igreja com as portas fechadas atraiçoa-se a si mesma e à sua missão e, em vez de ser ponte, torna-se uma barreira”.